São Paulo, terça-feira, 09 de novembro de 2004

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VIOLÊNCIA

Policiais podem ser expulsos

PMs são investigados por morte de rapaz

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

A Corregedoria da Polícia Militar e a Polícia Civil investigam a acusação de que três PMs invadiram uma casa sem mandado judicial, anteontem, em Mogi-Guaçu (172 km ao norte de São Paulo). Eles também são acusado de matar o trabalhador rural Hugo Leonardo Leme, 19, com um tiro à queima-roupa na frente da mãe dele, de uma tia e duas crianças.
A mãe do rapaz, a dona-de-casa Maria Aparecida Leme, 43, e a irmã dele, de oito anos, estão em estado de choque. Uma das crianças parou de ir à escola e está sedada.
Maria Aparecida disse que seu filho tomava café na cozinha quando os três PMs invadiram a casa. Em seguida, segundo ela, Leme correu para o fundo do quintal e foi baleado.
"Ele não tinha como fugir, já estava rendido. Que batessem nele, mas não precisavam matar. O quintal é cercado por muros de dois metros de altura e cacos de vidro. Não tinha como ele escapar. Sei quem foi o PM que atirou e quero justiça. Eles ainda me impediram de socorrê-lo", afirmou.
Ontem à tarde, parentes e vizinhos estavam revoltados com a ação policial. O pai do rapaz, que está em viagem pelo Paraná, ficou sabendo do assassinato do filho por telefone. A PM não divulgou o nome dos policiais acusados.
A mãe de Leme disse que o filho havia saído de moto com um amigo horas antes do crime. "Ele trabalhava havia quatro meses na coleta de laranja no campo e deixou uma filha de quatro anos. Não sei se ele havia cometido algum crime, mas nunca teve passagem pela polícia", disse a mãe, que pretende processar o Estado.
Maria Aparecida acusou ainda os policiais de "jogarem" o filho ainda ferido na parte de trás do veículo da PM. "Ao invés de socorrer, os policiais tentaram fazer perguntas para ele."

Corregedoria
O corregedor estadual da Polícia Militar, coronel Paulo Máximo, disse ontem que a corporação abriu um inquérito policial militar para apurar o caso.
Segundo o coronel, os três policiais militares podem ser expulsos da corporação e ter a prisão temporária decretada caso seja confirmada a versão da mãe e das testemunhas do caso. O corregedor disse ainda que acompanhará o caso pessoalmente.
A Polícia Civil de Mogi-Guaçu também instaurou inquérito para investigar a ação dos policiais.


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