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VIOLÊNCIA
Policiais podem ser expulsos
PMs são investigados por morte de rapaz
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
A Corregedoria da Polícia Militar e a Polícia Civil investigam a
acusação de que três PMs invadiram uma casa sem mandado judicial, anteontem, em Mogi-Guaçu
(172 km ao norte de São Paulo).
Eles também são acusado de matar o trabalhador rural Hugo Leonardo Leme, 19, com um tiro à
queima-roupa na frente da mãe
dele, de uma tia e duas crianças.
A mãe do rapaz, a dona-de-casa
Maria Aparecida Leme, 43, e a irmã dele, de oito anos, estão em estado de choque. Uma das crianças
parou de ir à escola e está sedada.
Maria Aparecida disse que seu
filho tomava café na cozinha
quando os três PMs invadiram a
casa. Em seguida, segundo ela,
Leme correu para o fundo do
quintal e foi baleado.
"Ele não tinha como fugir, já estava rendido. Que batessem nele,
mas não precisavam matar. O
quintal é cercado por muros de
dois metros de altura e cacos de
vidro. Não tinha como ele escapar. Sei quem foi o PM que atirou
e quero justiça. Eles ainda me impediram de socorrê-lo", afirmou.
Ontem à tarde, parentes e vizinhos estavam revoltados com a
ação policial. O pai do rapaz, que
está em viagem pelo Paraná, ficou
sabendo do assassinato do filho
por telefone. A PM não divulgou
o nome dos policiais acusados.
A mãe de Leme disse que o filho
havia saído de moto com um amigo horas antes do crime. "Ele trabalhava havia quatro meses na
coleta de laranja no campo e deixou uma filha de quatro anos.
Não sei se ele havia cometido algum crime, mas nunca teve passagem pela polícia", disse a mãe,
que pretende processar o Estado.
Maria Aparecida acusou ainda
os policiais de "jogarem" o filho
ainda ferido na parte de trás do
veículo da PM. "Ao invés de socorrer, os policiais tentaram fazer
perguntas para ele."
Corregedoria
O corregedor estadual da Polícia Militar, coronel Paulo Máximo, disse ontem que a corporação abriu um inquérito policial
militar para apurar o caso.
Segundo o coronel, os três policiais militares podem ser expulsos
da corporação e ter a prisão temporária decretada caso seja confirmada a versão da mãe e das testemunhas do caso. O corregedor
disse ainda que acompanhará o
caso pessoalmente.
A Polícia Civil de Mogi-Guaçu
também instaurou inquérito para
investigar a ação dos policiais.
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