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61,4% dos que ficam nas ruas cinco dias por semana abandonaram a escola
DA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um dos resultados mais claros da pesquisa realizada pela
Fipe é a relação direta entre a
freqüência das crianças na rua
e o abandono da escola.
Entre os entrevistados, apenas 1,4% diz nunca ter ido à escola. O restante já foi matriculado normalmente e freqüentava as aulas. Mas 61,4% dos que
responderam ficar na rua cinco
dias por semana ou mais dizem
ter abandonado os estudos sem
concluí-los. Entre os que vão
para a rua menos de cinco dias
por semana, essa porcentagem
cai para 21,4%.
"Falta agora investigar se essas crianças começam a passar
mais tempo na rua porque
abandonaram a escola ou o
contrário, primeiro se envolvem com a rua e então abandonam a escola", diz a coordenadora da pesquisa Silvia Schor.
Um garoto de 14 anos encontrado na praça Princesa Isabel,
no centro, afirma que parou de
ir a escola depois que começou
a passar muitos dias na rua. "Eu
precisava ganhar dinheiro e
também não entendia a matéria que a professora explicava,
mesmo", conta.
Seja qual for a ordem dos
acontecimentos, ela culpa a sociedade. "Qualquer pessoa que
se diz minimamente civilizada
não poderia aceitar isso como
natural. A criança que fica na
rua está fora da escola e não estará preparada no futuro", afirma Schor.
A arquiteta e urbanista Carla
Todesko, que tem experiência
como educadora de rua e foi
uma das pesquisadoras, acha
que os professores e a comunidade podem evitar esse abandono ao dar atenção às crianças. "Se uma criança some do
bairro ou falta na escola, alguém tem de perguntar dela. Se
uma aparece no cruzamento,
também. A simples preocupação pode fazer a diferença entre
o menino que volta para casa e
o o que fica na rua", diz.
Das 490 crianças e adolescentes entrevistados nas ruas,
56,8% dizem que ficam nas
ruas todos os dias. Outros
25,9% responderam que permanecem de segunda a sexta e
17,3% apenas nos finais de semana ou esporadicamente.
O secretário Municipal de
Assistência Social, Floriano Pesaro, que encomendou o censo,
afirma que a prefeitura tem investido em pós-escola para
manter as crianças e adolescentes fora da rua. De acordo
com ele, há atualmente 60 mil
crianças atendidas por ONGs
conveniadas.
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