|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
7,7% dos meninos de rua admitem roubar, diz estudo
Resposta, espontânea, foi a sexta mais freqüente em levantamento feito em SP
Para pesquisadora "rua suga a criança, que fica exposta a todo tipo de exploração e drogas'; maioria, porém, diz nem pensar em roubar
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Entre as crianças e adolescentes em situação de rua em
São Paulo, 7,7% responderam a
uma pesquisa da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) que praticam roubo .
A resposta espontânea foi a
sexta mais freqüente no quesito "atividade praticada", a frente de clássicos como "flanelinha" e "rodinho".
O dado faz parte da terceira
etapa do Censo de Criança e
Adolescente em Situação de
Rua feito a pedido da Secretaria
Municipal de Assistência Social. Foram ouvidas 490 crianças e adolescentes de 7 anos a
18 anos, nos bairros do centro e
em Pinheiros (zona oeste), onde as fases anteriores do censo
identificaram maior concentração de crianças.
A pesquisa de atividade praticada foi feita de duas maneiras. A primeira, por observação
do pesquisador, teve resultado
genérico. O primeiro lugar,
com 44,2% foi definido apenas
como "parado, sentado, andando", depois vieram venda, esmola e malabares. Do total,
1,1% foi visto se drogando.
No segundo método, era a
criança ou adolescente que respondia o que faz na rua e as respostas poderiam ser múltiplas.
Metade respondeu que pede
esmola, 38% disse que vende
algum produto e 7,7% admitiu
que rouba.
Segundo a coordenadora da
pesquisa, Silvia Schor, a maioria das crianças que responderam praticar delitos também
esmolam. "A verdade é que elas
tentam uma coisa, se não der
certo, partem para a outra."
Para ela, esse é um dos perigos da permanência na rua. "A
rua suga a criança, que fica exposta a todo tipo de exploração
e drogas. Ela é mais vulnerável
e não tem a maturidade de um
adulto, embora tenha de suportar a mesma carga", diz Silvia.
Um menino de 12 anos, que
passa os dias na Rua dos Gusmões, no centro, assumiu praticar pequenos delitos. "Eu peço,
mas se eu puder roubar eu roubo, porque roubam de mim
também", conta.
A maioria dos que trabalham,
no entanto, diz que nem pensa
em roubar. Os adolescentes
que vendem balas na esquina
das ruas Henrique Schaumann
e Teodoro Sampaio, em Pinheiros, afirmam saber que dependem da confiança dos motoristas para continuar trabalhando. "Sou honesto, estou aqui
porque não tenho outra oportunidade e tento mostrar isso
para quem está dentro do carro", diz um deles, que ganha R$
25 por dia. O dinheiro é o sustento da família, que inclui pai,
mãe e três irmãs.
O menor índice entre as respostas foi para a atividade
"prostituição", mencionada
por 0,4% das crianças e adolescentes. "Não dá para concluir
por isso que a prostituição é
muito baixa", disse a coordenadora da pesquisa. "As crianças
aliciadas para prostituição são
levadas para dentro de casas e
galpões e, portanto, não foram
encontradas pelos entrevistadores que falaram com quem
estava na rua."
Texto Anterior: Kassab manda refazer calçadas da Paulista Próximo Texto: 61,4% dos que ficam nas ruas cinco dias por semana abandonaram a escola Índice
|