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Pilotos não voltam para depor, diz advogado
Acordo Brasil-Estados Unidos prevê que eles sejam ouvidos em seu país
Para José Carlos Dias, defensor dos americanos, mesmo uma eventual pena, em caso de condenação, pode ser cumprida nos EUA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os pilotos do jato Legacy que
se chocou com o Boeing da Gol
em setembro, Joe Lepore e Jan
Paladino, não deverão voltar
tão cedo ao Brasil. De acordo
com seus advogados, os depoimentos deverão ser prestados
nos Estados Unidos.
"Há um acordo Brasil-Estados Unidos que permite o envio
de autoridades para ouvi-los
pessoalmente", explicou o advogado José Carlos Dias.
"Ou, ainda, eles podem prestar informações juramentadas
lá. Elas têm efeito judicial. Mas
ainda não sabemos quando.
Acredito que talvez lá pelo mês
de janeiro", afirmou ele.
Se, no fim do processo, os pilotos forem considerados culpados, também poderão cumprir penas alternativas nos Estados Unidos, afirma o advogado. "Eles gostam do Brasil, são
pilotos internacionais e poderão voltar sem traumas, desde
que sejam respeitados."
Segundos os advogados, é difícil estimar o prazo do processo. "Deve levar anos para termos algum julgamento." Até o
fim do processo, os pilotos ficarão à disposição da Justiça brasileira para esclarecimentos.
Ontem, os pilotos só puderam voltar aos Estados Unidos
graças a um habeas corpus que
determinou a devolução de
seus passaportes, apreendidos
desde o acidente pela PF.
Relatório preliminar das investigações aponta que os pilotos não fizeram manobra arriscada, apesar de não terem seguido o plano de vôo original
após perderem contato com o
controle de tráfego aéreo em
Brasília. Além disso, o transponder do jato, equipamento
vital na navegação aérea, estava
desligado na hora do acidente.
Impunidade
Professor de processo penal
da PUC-SP, Fernando Castelo
Branco confirma que os pilotos
só deverão vir ao Brasil para
prestar depoimento se houver
necessidade de presença física.
"Já a condenação é uma
questão discutível. Quem aplica a pena é o juiz daqui e a sociedade brasileira poderia ficar
com uma sensação de impunidade se eles forem condenados." Branco declarou que a pena para uma possível condenação não deverá chegar a quatro
anos de prisão, já que os réus
são primários.
Theo Dias, também advogado dos pilotos, afirmou ontem
que seus clientes apenas obedeceram às ordens da torre de
São José dos Campos (interior
de São Paulo) e voaram na altitude de 37 mil pés (cerca de 11
mil metros).
"O que prevalece na aviação
brasileira é a ordem da torre e
não o plano de vôo. Não houve
nenhuma orientação para que
se mudasse de altitude depois."
Pelo plano de vôo original, o
Legacy deveria ter baixado para
36 mil pés (10,9 km) em Brasília e subido, pouco antes do
choque, para 38 mil pés (11,5
km). No entanto, o jato permaneceu a 37 mil pés até o norte
do Mato Grosso, onde colidiu
com o Boeing da Gol, próximo à
Serra do Cachimbo, em 29 de
setembro.
O Boeing havia saído de Manaus e deveria chegar ao Rio de
Janeiro.
(Daniela Tófoli)
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