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Líder dos operadores sofre inquérito militar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Líder inadvertido dos controladores na atual crise aérea,
o primeiro sargento Wellington Rodrigues, 15 anos de experiência, era um profissional
modelo até o acidente do vôo
1907 da Gol mudar tudo. Porta-voz da categoria, se afastou dos
holofotes depois de virar alvo
de um inquérito militar, mas
tenta combater o desgaste e levar adiante a "luta" do setor.
Além de integrar a equipe envolvida diretamente na colisão
do dia 29 de setembro, Wellington é presidente da ABCTA
(Associação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo). A
combinação o colocou no olho
do furacão quando estourou o
caos dos aeroportos. Porém,
não foi o mentor da operação-padrão, movimento difuso que
nasceu entre seus colegas.
Wellington se descreve como
um "idealista", um "perfeccionista" e um "socialista", que
"sonha com uma sociedade
mais justa". Um dos controladores mais experientes da casa,
com mais de 15 anos de serviço,
ajudou a treinar boa parte dos
controladores do grupo chamado "região Norte".
Essa equipe, uma das três do
controle aéreo sediado em Brasília, tinha um efetivo de 58 sargentos -todos se conhecem,
muitos são amigos fora do trabalho. Foi ali que nasceram a
operação padrão e uma pequena revolta que contaminou
também os grupos da "região
São Paulo" e da "região Rio".
Com o trauma e o desfalque gerado pelo acidente, os controladores começaram a recusar
"riscos". Em poucos dias se viram sobrecarregados e decidiram seguir estritamente as regras de segurança de vôo.
O movimento ganhou força e
adesões em encontros e discussões informais. Além de reuniões secretas, os controladores ganharam adesões e força
em discussões em e-mail fechados e moderados, como o "região Norte" do Yahoo Groups.
Foi por e-mail e MSN messenger, então, que os controladores buscavam o apoio e disseminavam informações. O telefone é um meio vedado, já que
quase todos acham que estão
grampeados ou são de alguma
forma monitorados.
A grande maioria dos controladores é de militares e estão
sujeitos a punições ou expulsão
por vazamento de informações
à imprensa. Um Inquérito Policial Militar foi instaurado para
apurar se a ABCTA de Wellington atuou como "sindicato", o
que é vedado pela Constituição.
O procurador responsável,
Giovanni Rattacaso, chegou a
acusá-lo de ser o mentor de
uma greve branca ilegal para
encobrir sua suposta "culpa"
no acidente da Gol.
Wellington nem sequer depôs na Polícia Federal -não estava nos setores que monitoravam a trajetória do jato Legacy
naquela tarde.
Wellington ajudou a conter
os controladores mais radicais
de Brasília, que queriam montar um movimento de demissão coletiva. Em entrevistas negava a "greve branca" e foi defendido pelo ministro Waldir
Pires (Defesa), que descreveu
sua posição como "exposição
de aspirações".
Se antes era sociável, jogava
futebol com os colegas, hoje
Wellington trocou de números
de telefone e está recluso, abatido por dois meses de dificuldades no trabalho e de saúde.
Com 1,90m, já perdeu mais de
cinco quilos. Tem problemas
para dormir, mas avisou aos colegas que não vai desistir nem
decepcioná-los na batalha pela
valorização da categoria.
(LEILA SUWWAN)
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