São Paulo, sábado, 09 de dezembro de 2006

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Bebê de 21 dias é seqüestrado na zona norte

Falsa assistente social ofereceu emprego à mãe e, no caminho para a suposta entrevista profissional, sumiu com a criança

Segundo moradoras da favela onde a vítima mora, três outras mulheres também foram abordadas; polícia não tem pistas

CARLA MONIQUE BIGATTO
DO "AGORA"

Uma falsa assistente social seqüestrou, na tarde de anteontem, um bebê de 21 dias em Santana, na zona norte de São Paulo. Ela bateu na porta da casa da mãe da criança, oferecendo-lhe um emprego e uma cesta básica. Quando levava a dona-de-casa para a suposta entrevista profissional, a criminosa sumiu com o bebê e a bolsa de documentos da mãe. A polícia ainda não tem pistas da acusada nem da criança.
Segundo moradoras da favela Recanto do Paraíso, em Perus (zona norte), onde a vítima mora, três outras mulheres do bairro também foram abordadas anteontem por uma pessoa que se apresentava como assistente social. Ela procurava donas-de-casa que tivessem tido bebês recentemente, para prestar atendimento à mãe, ao bebê e à família.
Uma das casas visitadas foi a de Eliene Brandão de Souza, 34. Para ela, a "assistente social", que em nenhum momento disse seu nome, ofereceu cesta básica para a família e duas possibilidades de emprego em empresas de Santana: vaga de secretária ou ajudante de cozinha.
Solteira, desempregada e mãe de outros três filhos, Eliene aceitou a proposta, que incluía ainda uma vaga em um berçário para o pequeno Gabriel, nascido em 17 de novembro deste ano.

Loja
As duas tomaram um lotação para Santana. O transporte foi pago pela falsa assistente social. Eliene saiu de casa vestindo saia, blusa e carregando os pertences do bebê, que ficaria em um berçário durante a entrevista.
Com a desculpa de que não seria de "bom tom" se apresentar no novo emprego de saia, a suposta assistente social sugeriu que as duas descessem na avenida Voluntários da Pátria, onde ela mesma compraria uma calça para a candidata ao emprego.
Elas entraram em uma loja e escolheram a peça. No momento em que a dona-de-casa entrou no provador, a mulher saiu com a criança, levando também a bolsa da vítima. "Foi questão de segundos. Fechei a cortina e ela sumiu. Nem cheguei a vestir a calça", afirmou Eliene. As funcionárias da loja, segundo ela, também não perceberam quando a mulher saiu. "Ela foi muito ágil."
Eliene não sabe ao certo se a mulher queria vender a criança ou ficar com ela para si. "Ela usava trajes de gestante e estava bem "fortinha". Chegou a contar que estava grávida de quatro meses", afirmou.
Para a dona-de-casa, a mulher não agiu sozinha. "O celular dela tocava o tempo todo, mas não consegui ouvir as conversas. Ela só dizia que era o patrão que estava ligando." Ontem, Eliene esteve em uma delegacia para fazer um retrato falado da criminosa.


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