São Paulo, sábado, 09 de dezembro de 2006

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PF vai investigar assalto a Ellen Gracie em falsa blitz

A presidente do STF e o vice, Gilmar Mendes, foram abordados por 6 criminosos, no Rio

Pertences e o carro onde eles estavam foram levados pelos criminosos; escolta era realizada por seguranças do TRF da 2ª Região

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou ontem que a Polícia Federal vai investigar o assalto a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ellen Gracie, e ao vice-presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes, quinta-feira no Rio. Segundo ele, a iniciativa foi tomada porque o crime envolve a maior autoridade do Poder Judiciário.
"Importante é que a PF vai entrar no caso, porque se trata da primeira mandatária do Judiciário brasileiro, e vai ajudar a decifrar o crime que, felizmente, não teve conseqüências contra a pessoa", disse.
Os integrantes do STF foram vítimas de uma falsa blitz policial -realizada por criminosos na saída da Linha Vermelha- momentos depois de desembarcarem no Rio, na noite de quinta. Mendes e Ellen Gracie, a quarta na linha de sucessores eventuais do presidente da República, eram escoltados por seguranças do TRF da 2ª Região (Tribunal Regional Federal) e não por policiais federais, como a lei lhes permite.
Pelo menos seis homens em dois carros, uma picape preta e um Honda Civic preto, fecharam a pista e abordaram os ministros, que tiveram todos os pertences, além do carro, levados pelos criminosos.
Os ministros estavam no mesmo carro, um Zafira branco, e foram abordados no acesso da via expressa à avenida Perimetral. Eles vieram de Brasília a bordo de um jato oficial e tinham desembarcado na Base Aérea do Galeão para participar, ontem, das comemorações do Dia da Conciliação, no Tribunal de Justiça do Rio.
Os ministros foram abandonados no local do crime e o carro foi encontrado, pouco depois, no Maracanã. Ali, os criminosos roubaram um Gol. Os dois foram resgatados pelos seguranças que faziam a escolta e levados até o hotel.
Pouco depois do ataque aos ministros, a bióloga Juliana Valverde, 29, e seu marido, Sérgio Lima, 29, também foram assaltados no mesmo local. Eles tiveram carteiras, relógios, jóias e celulares roubados.
A bióloga prestou depoimento na 17ª DP. O delegado titular da unidade, Fábio da Costa, não descartou a possibilidade de outros carros também terem sido assaltados, mas não terem prestado queixa.
A ministra não prestou depoimento, mas, segundo a assessoria de imprensa do STF, preencheu um boletim de ocorrência na internet. Ainda de acordo com a assessoria, ela afirmou considerar o crime uma "fatalidade". Costa afirmou que irá convidar a presidente do STF para prestar depoimento, mas ela não é obrigada a comparecer.
O motorista que a levava fez o registro na delegacia. Ele, cujo nome não foi revelado, não foi à 17ª DP, mas à 9ª DP, no Catete, área do Palácio Laranjeiras (residência oficial da governadora). A governadora Rosinha Matheus ligou para Ellen Gracie, logo que soube do fato. As duas se encontraram no dia seguinte, durante solenidade no Tribunal de Justiça do Rio.
A Polícia Federal abriu inquérito para apurar o roubo do carro. Segundo a assessoria de imprensa da PF, desde 2004 o STF não requisita escolta de seus policiais, apesar de os ministros terem direito.
Depois do assalto, policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) fizeram uma operação no complexo do Caju, próximo ao local do crime.
Menos de 12 horas depois do roubo, a Linha Vermelha foi fechada em razão da troca de tiros entre PMs e traficantes da Vila dos Pinheiros, no complexo de favelas da Maré -ninguém ficou ferido.


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