São Paulo, sábado, 09 de dezembro de 2006

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Na periferia, ruas ainda aguardam asfalto

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

O caminhão de lixo não consegue passar pela rua inteira -por ser de terra, cheia de buracos, e muito íngreme. Os moradores da rua Primavera, na Vila Roseira 2 (zona leste de São Paulo), precisam deixar os sacos de lixo num poste que o veículo alcança.
"Nós precisamos sempre ter comida estocada porque, quando chove, é impossível sair de casa. Ninguém passa na rua", conta a dona-de-casa Priscila Pereira da Silva, 23.
Enquanto a administração municipal gasta R$ 4,5 milhões com melhorias na rua Oscar Freire, em área nobre da cidade, outras vias de São Paulo em regiões periféricas estão abandonadas pelo poder público.
"Aqui, se chamar um táxi e disser que é da rua Primavera o motorista não vem. Eu, que tenho uma mercearia, preciso ir comprar os produtos porque ninguém quer vir entregar", afirma o comerciante Marcelo Luiz Barbosa, 38.
Na rua 29 de janeiro, no Lajeado, os moradores também aguardam ansiosamente as melhorias. "Sempre que é época de eleição eles prometem que vão asfaltar. Mas isso nunca acontece", diz Maria Leonilia Vieira, 35, dona de um bar na rua. "Acho que com asfalto diminuiriam as doenças também na região. Muitas pessoas têm alergia ao pó. Sem falar que, quando chove, alaga tudo e fica aquela lama por toda a parte."
A poeira é o que mais incomoda as famílias do local. "Meu filho tem bronquite asmática e sofre muito. Quando passa carro levanta muito pó. Além disso, suja muito a casa", diz a dona-de-casa Telma Cristina, 31. Outra reclamação dela é que a rede de esgoto entope direto na rua. "Não sei exatamente porque, mas dá problema direto."
A dona-de-casa Elizabeth Maria de Lima, 26, conta que, quando chove, precisa sair com sacolinhas de plástico nos pés para não sujar o sapato. "Fica um barro só", diz.
Outra reclamação recorrente na região de Guaianases é com relação à qualidade do asfalto usado nas ruas.
"Jogaram o que eles chamam de "semi-asfalto" na minha rua. É só dar qualquer chuvinha que fica cheio de buraco, praticamente se desfaz", diz a sorveteira Rejane Maria Damasceno Gomes, 31, moradora da rua Jacques Lacan, na Vila São Geraldo. A via está coberta parcialmente por asfalto, tem uma parte de pedrinhas e outra com areia. Não há calçada.
"Só quero um asfalto decente e uma calçada bonita. É pedir muito?", indaga a sorveteira.
Segundo a Subprefeitura de Guaianases, as ruas Primavera e 29 de Janeiro, além de suas transversais, deverão ser pavimentadas até julho de 2007.


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