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Vizinhas, águas do Sahy e da Baleia têm qualidade distinta
Enquanto a primeira é considerada regular, a segunda foi tida como ótima em levantamentos dos últimos seis anos
Na Baleia, condomínios sustentam associação com funcionários que passam o dia a limpar a praia e a cuidar da emissão de esgoto
WILLIAN VIEIRA
ENVIADO ESPECIAL AO LITORAL
Vem chegando o verão, e as
bandeiras verdes da Cetesb tremulam nas praias vizinhas
Sahy e Baleia, no litoral norte
de São Paulo. Mas se a primeira
é classificada como regular, a
segunda foi considerada ótima
nos últimos seis anos de levantamento. No trevo que separa
as duas praias, há placas indicando a do Sahy, mas nenhuma
mencionando a Baleia.
O vendedor de água aponta
para uma ponte de madeira,
que range ao passar do carro,
um por vez. E uma estrada de
chão batido leva a uma praia escondida, tanto pelos morros
com vegetação preservada
quanto pelas dezenas de condomínios de alto padrão.
"Aqui pobre só mora porque
trabalha", diz Jorge Alves da
Silva, 45, contente em ser caseiro do Sundays Boulevard e poder morar "entre a grã-finada"
que desce para o litoral nas férias e fins-de-semana.
O vai-e-vém de pedreiros,
motoristas de trator aplainando a rua e outros carregando
jetskys em uma quinta-feira de
sol duvidoso confirma.
"Sábado a gente se sente mal
de ir na praia no meio de tanto
bacana, mas durante a semana
eu vou. E a praia é limpinha,
por causa da Sabaleia (Sociedade Amigos da Baleia)", conta
Silva.
Esse parece ser o segredo para a limpeza da praia. Os cerca
de 30 condomínios sustentam
uma associação com 22 funcionários que passam o dia limpando a praia e fiscalizando a
emissão de esgoto.
"Aqui 99% dos estabelecimentos são residenciais", diz
Eduardo Nunes, coordenador
da entidade, enquanto orientava os pedreiros na construção
de uma rampa para lanchas. "O
que poderiam ocupar já foi ocupado por casas e condomínios",
diz. No Sahy, diz, é mais difícil
controlar o esgoto porque tem
mais casas, restaurantes e hotéis ao longo do rio.
Mas tem gente descobrindo a
Baleia. "Depois que viemos
aqui não queremos ir a outra",
garante a bancária paulistana
Adriana Figueira, 35, que descansava sob a sombra de uma
árvore com o marido e o filho
-ninguém mais na praia. "Aqui
é mais limpa, não tem muvuca e
não tem hotel e restaurante, se
não acaba com tudo", afirma.
No outro lado
Isso parece acontecer com a
praia do Sahy. Mesmo em uma
quinta-feira sem sol, cerca de
80 pessoas aproveitavam a
praia -prova eram as bitucas
de cigarro no chão e as dezenas
de pessoas entrando nos barcos, atracados no rio, para viagens pela região.
"A Baleia é mais limpa porque eles não têm rio como nós",
diz o barqueiro Haroldo Tavares, 53, nascido e criado no
Sahy e que se incomoda quando
o rio cheira mal durante a alta
temporada.
"O problema são essas casas
perto do rio", lamenta o publicitário Paulo Camargo, 43, de
olho na pequena Marcela, 2, para que não fosse para o rio, a 20
metros dali. "Na temporada a
água muda de aspecto, isso fica
cheio de gente, mas o que podemos fazer?", questiona-se, antes de saber que ali do lado há
outra praia, mais limpa e vazia.
A mulher, Dina Benabou, 38,
não hesita. "Nossa, está combinado. Amanhã é dia de Baleia."
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