São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Vizinhas, águas do Sahy e da Baleia têm qualidade distinta

Enquanto a primeira é considerada regular, a segunda foi tida como ótima em levantamentos dos últimos seis anos

Na Baleia, condomínios sustentam associação com funcionários que passam o dia a limpar a praia e a cuidar da emissão de esgoto

WILLIAN VIEIRA
ENVIADO ESPECIAL AO LITORAL

Vem chegando o verão, e as bandeiras verdes da Cetesb tremulam nas praias vizinhas Sahy e Baleia, no litoral norte de São Paulo. Mas se a primeira é classificada como regular, a segunda foi considerada ótima nos últimos seis anos de levantamento. No trevo que separa as duas praias, há placas indicando a do Sahy, mas nenhuma mencionando a Baleia.
O vendedor de água aponta para uma ponte de madeira, que range ao passar do carro, um por vez. E uma estrada de chão batido leva a uma praia escondida, tanto pelos morros com vegetação preservada quanto pelas dezenas de condomínios de alto padrão.
"Aqui pobre só mora porque trabalha", diz Jorge Alves da Silva, 45, contente em ser caseiro do Sundays Boulevard e poder morar "entre a grã-finada" que desce para o litoral nas férias e fins-de-semana.
O vai-e-vém de pedreiros, motoristas de trator aplainando a rua e outros carregando jetskys em uma quinta-feira de sol duvidoso confirma.
"Sábado a gente se sente mal de ir na praia no meio de tanto bacana, mas durante a semana eu vou. E a praia é limpinha, por causa da Sabaleia (Sociedade Amigos da Baleia)", conta Silva.
Esse parece ser o segredo para a limpeza da praia. Os cerca de 30 condomínios sustentam uma associação com 22 funcionários que passam o dia limpando a praia e fiscalizando a emissão de esgoto.
"Aqui 99% dos estabelecimentos são residenciais", diz Eduardo Nunes, coordenador da entidade, enquanto orientava os pedreiros na construção de uma rampa para lanchas. "O que poderiam ocupar já foi ocupado por casas e condomínios", diz. No Sahy, diz, é mais difícil controlar o esgoto porque tem mais casas, restaurantes e hotéis ao longo do rio.
Mas tem gente descobrindo a Baleia. "Depois que viemos aqui não queremos ir a outra", garante a bancária paulistana Adriana Figueira, 35, que descansava sob a sombra de uma árvore com o marido e o filho -ninguém mais na praia. "Aqui é mais limpa, não tem muvuca e não tem hotel e restaurante, se não acaba com tudo", afirma.

No outro lado
Isso parece acontecer com a praia do Sahy. Mesmo em uma quinta-feira sem sol, cerca de 80 pessoas aproveitavam a praia -prova eram as bitucas de cigarro no chão e as dezenas de pessoas entrando nos barcos, atracados no rio, para viagens pela região.
"A Baleia é mais limpa porque eles não têm rio como nós", diz o barqueiro Haroldo Tavares, 53, nascido e criado no Sahy e que se incomoda quando o rio cheira mal durante a alta temporada.
"O problema são essas casas perto do rio", lamenta o publicitário Paulo Camargo, 43, de olho na pequena Marcela, 2, para que não fosse para o rio, a 20 metros dali. "Na temporada a água muda de aspecto, isso fica cheio de gente, mas o que podemos fazer?", questiona-se, antes de saber que ali do lado há outra praia, mais limpa e vazia. A mulher, Dina Benabou, 38, não hesita. "Nossa, está combinado. Amanhã é dia de Baleia."


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