São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Polícia cobra laudo sobre morte no Hopi Hari

Delegado que apura causa da morte de jovem de 15 anos no brinquedo Labirinto depende do exame para concluir inquérito

Marli Aparecida Satalo, mãe do adolescente Arthur Wolf, afirma que seu filho era saudável e não tinha problemas respiratórios

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Mais de dois meses após a morte do adolescente Arthur Wolf, 15, em um brinquedo do parque de diversões Hopi Hari, em Vinhedo (79 km distante de São Paulo), laudos do IML (Instituto Médico Legal) e do IC (Instituto de Criminalística) ainda não foram entregues à Polícia Civil para a conclusão do inquérito policial.
"Já fiz cobranças para pedir os laudos, mas até agora não recebemos nada. O inquérito depende destas informações", afirma o delegado Álvaro Santucci Noventa Júnior.
Inicialmente, os laudos do IML e do IC deveriam ter sido entregues até o mês passado.
A Polícia Civil de Vinhedo recebeu nessa semana uma ficha clínica do Pronto Socorro de Santo André (18 km da capital), cidade em que o menino morava, que atesta que ele foi atendido quatro dias antes de morrer por um médico e apresentava "tosse e expectoração verde há dois dias" com "provável infecção pulmonar a esclarecer".
A mãe do menino, a professora Marli Aparecida Satalo, 51, reclama do atraso na entrega dos laudos e diz que prestará queixa amanhã na Corregedoria da Polícia Civil, em Campinas (95 km de São Paulo).
Ela afirma que o filho era saudável e não tinha problemas respiratórios.
"Não adianta dizerem que o meu filho é o culpado por sua própria morte. Ele teve apenas uma forte gripe alguns dias antes de ir ao Hopi Hari e foi medicado. O médico dele foi ouvido e confirmou isso."
Foram ouvidas nove pessoas no inquérito, instaurado no dia 1º de outubro, em Vinhedo.

Labirinto
O menino morreu no dia 28 de setembro após passar mal em um brinquedo chamado Labirinto. Segundo uma colega de Wolf, ele desmaiou às 18h30. No local, onde o garoto ficou desacordado, disse ela, havia aproximadamente 20 pessoas.
De acordo com a assessoria de imprensa do Hopi Hari, o adolescente passou mal por volta das 19h e foi atendido por um bombeiro no local. O estudante foi socorrido pela equipe médica do parque e reanimado. No hospital, onde chegou inconsciente, sofreu nova parada cardíaca e morreu às 21h.
"Ele saiu de casa vivo e nos entregaram num caixão", havia dito Arnaldo Satalo, tio de Wolf, na ocasião da morte do sobrinho após brincar no aparelho do parque de diversões.
A atração Labirinto é uma sala escura com corredores nos quais funcionários fantasiados de monstros dão sustos nos visitantes, que precisam fugir deles. Pelo ambiente é espalhada fumaça cenográfica. O brinquedo está desativado atualmente.
O garoto integrava excursão com cerca de 200 alunos do Centro Educacional Edip, de Santo André (na Grande São Paulo). O grupo passou o dia no parque com professores.
Um laudo preliminar do IML de Jundiaí (60 km da capital) constatou que ele morreu em decorrência de um edema pulmonar -acúmulo anormal de líqüido nos pulmões.

Fumaça
A polícia apura se a fumaça agravou algum quadro clínico apresentado pelo garoto. Testemunhas disseram no inquérito que o menino havia tomado chuva no dia e que ventava frio.
A informação é contestada pela mãe. "Ninguém morre porque tomou chuva e vento." Ela diz suspeitar que o filho tenha chegado morto ao Hospital Paulo Sacramento, em Jundiaí, o que é negado pelo Hopi Hari e pelo próprio hospital.
O IC, em Campinas, que realiza a análise da máquina de fumaça do parque, disse que o laudo está em fase de finalização. O IML, em Jundiaí, foi procurado pela Folha, mas não se manifestou.


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