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Polícia cobra laudo sobre morte no Hopi Hari
Delegado que apura causa da morte de jovem de 15 anos no brinquedo Labirinto depende do exame para concluir inquérito
Marli Aparecida Satalo,
mãe do adolescente Arthur
Wolf, afirma que seu filho
era saudável e não tinha
problemas respiratórios
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
Mais de dois meses após a
morte do adolescente Arthur
Wolf, 15, em um brinquedo do
parque de diversões Hopi Hari,
em Vinhedo (79 km distante de
São Paulo), laudos do IML (Instituto Médico Legal) e do IC
(Instituto de Criminalística)
ainda não foram entregues à
Polícia Civil para a conclusão
do inquérito policial.
"Já fiz cobranças para pedir
os laudos, mas até agora não recebemos nada. O inquérito depende destas informações",
afirma o delegado Álvaro Santucci Noventa Júnior.
Inicialmente, os laudos do
IML e do IC deveriam ter sido
entregues até o mês passado.
A Polícia Civil de Vinhedo recebeu nessa semana uma ficha
clínica do Pronto Socorro de
Santo André (18 km da capital),
cidade em que o menino morava, que atesta que ele foi atendido quatro dias antes de morrer
por um médico e apresentava
"tosse e expectoração verde há
dois dias" com "provável infecção pulmonar a esclarecer".
A mãe do menino, a professora Marli Aparecida Satalo, 51,
reclama do atraso na entrega
dos laudos e diz que prestará
queixa amanhã na Corregedoria da Polícia Civil, em Campinas (95 km de São Paulo).
Ela afirma que o filho era
saudável e não tinha problemas
respiratórios.
"Não adianta dizerem que o
meu filho é o culpado por sua
própria morte. Ele teve apenas
uma forte gripe alguns dias antes de ir ao Hopi Hari e foi medicado. O médico dele foi ouvido e confirmou isso."
Foram ouvidas nove pessoas
no inquérito, instaurado no dia
1º de outubro, em Vinhedo.
Labirinto
O menino morreu no dia 28
de setembro após passar mal
em um brinquedo chamado Labirinto. Segundo uma colega de
Wolf, ele desmaiou às 18h30.
No local, onde o garoto ficou
desacordado, disse ela, havia
aproximadamente 20 pessoas.
De acordo com a assessoria
de imprensa do Hopi Hari, o
adolescente passou mal por
volta das 19h e foi atendido por
um bombeiro no local. O estudante foi socorrido pela equipe
médica do parque e reanimado.
No hospital, onde chegou inconsciente, sofreu nova parada
cardíaca e morreu às 21h.
"Ele saiu de casa vivo e nos
entregaram num caixão", havia
dito Arnaldo Satalo, tio de
Wolf, na ocasião da morte do
sobrinho após brincar no aparelho do parque de diversões.
A atração Labirinto é uma sala escura com corredores nos
quais funcionários fantasiados
de monstros dão sustos nos visitantes, que precisam fugir deles. Pelo ambiente é espalhada
fumaça cenográfica. O brinquedo está desativado atualmente.
O garoto integrava excursão
com cerca de 200 alunos do
Centro Educacional Edip, de
Santo André (na Grande São
Paulo). O grupo passou o dia no
parque com professores.
Um laudo preliminar do IML
de Jundiaí (60 km da capital)
constatou que ele morreu em
decorrência de um edema pulmonar -acúmulo anormal de
líqüido nos pulmões.
Fumaça
A polícia apura se a fumaça
agravou algum quadro clínico
apresentado pelo garoto. Testemunhas disseram no inquérito que o menino havia tomado
chuva no dia e que ventava frio.
A informação é contestada
pela mãe. "Ninguém morre
porque tomou chuva e vento."
Ela diz suspeitar que o filho tenha chegado morto ao Hospital
Paulo Sacramento, em Jundiaí,
o que é negado pelo Hopi Hari e
pelo próprio hospital.
O IC, em Campinas, que realiza a análise da máquina de fumaça do parque, disse que o
laudo está em fase de finalização. O IML, em Jundiaí, foi procurado pela Folha, mas não se
manifestou.
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