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Psicólogos estudam efeitos do trânsito
Especialistas discutem, em congresso em Curitiba, alguns comportamentos de quem enfrenta horas atrás do volante
1º Congresso Ibero-Americano de Psicologia do Trânsito debate 50 novos estudos, mas solução de problemas ainda está longe
MARIANNE PIEMONTE
DA REVISTA DA FOLHA
Transformação urbana ou
ironia léxica, o fato é que, em
São Paulo, com sua frota de 6
milhões de veículos e direito a
500 novos carros despejados
diariamente nas ruas, o vocábulo trânsito não se define
mais por movimento.
"O condutor vira uma espécie de bomba ambulante. Ao ficar nervoso ou ansioso, há uma
descarga de adrenalina que
causa aumento dos batimentos
cardíacos, mudança na freqüência respiratória e problemas na digestão", diz a psicóloga e membro da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego Raquel Almqvist.
OK, isso qualquer um que
atravessou uma marginal já
sentiu. Mas os efeitos da vida
congestionada têm despertado
interesse crescente dos profissionais de saúde mental.
Há duas semanas, Curitiba
sediou o 1º Congresso Ibero-Americano de Psicologia do
Trânsito. Só nesse encontro foram apresentados 50 novos
trabalhos científicos, segundo a
presidente do evento e psicóloga Alessandra Bianchi, 38.
Os objetos de estudo vão de
temas básicos -como velocidade, infrações e acidentes- a teses como Ilusões no Trânsito,
sobre falsas percepções do motorista (o que nos leva a fazer
uma ultrapassagem perigosa,
por exemplo); a problemática
de jovens que não têm medo de
correr riscos, discutida em Desmistificando o Herói; ou Subjetividade e Trânsito, que debateu a falta de percepção de que o tráfego é também espaço público. "As pessoas agem como
se o carro fosse uma extensão
de suas casas", diz Alessandra.
Para lembrar que essa intimidade com o veículo não é
inata, a reportagem convidou
seis fotógrafos para clicar esquetes que exageram a realidade. As tintas carregadas desenham carros como prolongamento da vida.
Apesar da discussão, o fato é
que esses estudos ainda não
produziram métodos capazes
de sanar as dores de quem precisa se deslocar em SP, seja a pé
ou na clausura do carro.
Nesta época do ano -quando
a frota circulante, de 3,5 milhões veículos, ganha reforço
de ônibus e carros de todas as
partes do Brasil para compras e
passeios natalinos- a CET estima que sejam feitos 15 milhões de deslocamentos motorizados por dia. Para os peregrinos viários, a reportagem garimpou dicas para amenizar o
calvário de permanecer horas
enlatado sobre rodas.
Colaborou ADRIANA KÜCHLER
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