|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Total de fumantes cai 47% em 19 anos, indica estudo
Índice de fumantes na população passou de 32,4%, em 1989, para 17,2% em 2008
Segundo a análise do Inca, feita com base em dados do IBGE, queda é superior à meta da OMS e corresponde a 21,4 milhões de pessoas
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil reduziu em 47% o
número de fumantes nos últimos 19 anos, segundo um estudo comparativo feito pelo Inca
(Instituto Nacional de Câncer)
a partir de dados do IBGE. Em
1989, o país tinha 32,4% de fumantes na população com idade a partir de 15 anos. No ano
passado, eram 17,2%.
A queda corresponde a uma
população de 21,4 milhões, segundo Liz Almeida, médica epidemiologista do Inca que fez o
estudo. Seria como se dois países com a população de Portugal deixassem de fumar no período de 19 anos.
A conta da queda parte da
premissa de que, se o índice de
1989 seguisse inalterado, os fumantes hoje seriam 46 milhões. Como o IBGE encontrou
24,6 milhões de dependentes
de fumo no ano passado, a redução foi de 21,4 milhões.
A meta da OMS (Organização
Mundial de Saúde) é que os países reduzam o consumo de tabaco em 2% ao ano. O resultado
brasileiro ultrapassa esse índice em dez pontos percentuais
-se o Brasil tivesse a redução
defendida pela OMS, a queda
teria sido de 38%.
Não há pesquisas iguais a essas duas em outros países -daí
a dificuldade de comparação.
Dados similares, porém, apontam que a queda brasileira foi
superior à dos Estados Unidos,
do Reino Unido e do Japão.
Nos EUA, o índice de fumantes homens caiu 18% em 17 anos
-de 28% da população em 1990
para 23% em 2007. No Reino
Unido, a redução dos homens
que fumam foi de 25,8% de 1990
a 2006. No Japão, a queda foi de
34%, mas o índice de fumantes
segue alto -40%, o maior entre
os países desenvolvidos.
A maior queda no Brasil ocorreu entre os mais jovens, de
acordo com a comparação. Nas
faixas etárias de 15 a 24 anos e
de 25 a 44, houve uma redução
de 53,8% no percentual de fumantes no período.
Já a menor queda foi entre
aqueles que têm de um a três
anos de estudo (33,6%). O índice é inferior ao encontrado entre aqueles que estudaram menos de um ano (35,6%).
A autora do estudo atribui a
queda às políticas adotadas a
partir dos anos 1990. "É um resultado impressionante porque
o Brasil usou poucos recursos
para conseguir essa redução."
As políticas tiveram início em
1996, com a restrição ao fumo
em ambientes fechados. Quatro
anos depois, o governo vetou a
publicidade. Em 2002, adotou
imagens de alerta nos maços.
O dado mais impressionante,
para ela, foi o fato de os mais jovens terem deixado de fumar
numa proporção superior aos
dos mais velhos. "As imagens de
alerta nos maços e o fim da publicidade foram fundamentais
para o público jovem não começar a fumar", afirma.
Ainda segundo ela, o Brasil só
manterá essa tendência de queda se avançar na legislação. A
medida mais importante, diz, é
a aprovação de uma lei federal
que proíba o fumo em ambientes fechados, similar à existente
no Estado de São Paulo.
Texto Anterior: Maria Luiza de Barros (1918-2009): A professora da Unesp e sua compulsão em revisar Próximo Texto: Frase Índice
|