São Paulo, quarta-feira, 09 de dezembro de 2009

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Ilhado, paulistano desiste de ir ao trabalho

Temporal para circulação de ônibus, veículos fretados e trens; empresas dispensam empregados e comércio tem queda

Morador do entorno vive caos na chegada a São Paulo com o bloqueio de rodovias importantes como Régis Bittencourt e Anhanguera

DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
DA AGÊNCIA FOLHA

"Desisti no meio do caminho porque minha chefe me ligou, dizendo que dispensou todo mundo. Vou para casa ver esse caos pela TV", diz a secretária Neuza Jeremias, 49, às 9h30, ao interromper a viagem da Freguesia do Ó (zona norte) a Perdizes (zona oeste), onde deveria estar às 7h30 no trabalho.
Ela só desistiu após tentar, sem sucesso, atravessar a pé a ponte do Piqueri, sobre o rio Tietê. Com ela, uma multidão munida de guarda-chuvas, que buscava chegar ao trabalho após os ônibus em que viajava parar nas ruas alagadas.
A cena foi uma das mais comuns ontem. Nos orelhões, filas para avisar a empresa. "Desisti de ir ao trabalho", diz o ajudante de cozinha Raimundo José da Silva, 27, que mora na Freguesia do Ó e trabalha na Vila Leopoldina (zona oeste).
Em uma transportadora de cargas da Vila Guilherme, zona norte, só 10 dos cerca de 40 funcionários compareceram. "Vim a pé, demorei quase duas horas desviando de alagamento", diz a funcionária Daniela Costa.
As viagens de fretados também foram afetadas. O empresário Mauricio Rodrigues, da Ipojucatur, sofreu duplamente.
De carro, empacou na marginal Pinheiros na ida ao trabalho. Na empresa, viu 60% das 165 linhas da companhia, que opera fretados vindos principalmente de Alphaville, voltarem sem chegar ao destino. "A situação foi caótica. As pessoas desistiam dos fretados e pegavam trem para voltar pra casa."
O problema foi semelhante na Astur, que completou os trajetos de apenas metade de suas 80 linhas e dispensou um terço da frota que operaria à noite.

Rodovias
A Anhanguera foi bloqueada totalmente por volta das 6h40 em Jundiaí em razão de um alagamento. Os motoristas foram orientados a retornar -o trânsito foi liberado parcialmente só às 18h15. As filas chegaram a 9 km na Anhanguera e a 10 km na Bandeirantes. Na via Dutra, atingiu 5 km, enquanto na Régis Bittencourt foi a 20 km.
No alagado aeroporto Campo de Marte, as operações envolvendo aviões foram suspensas.
O transporte por trens na linha 7 (Luz-Francisco Morato) foi interrompido por mais de dez horas entre Caieiras e Jundiaí.
No terminal rodoviário do Tietê, houve partidas com atrasos de até nove horas, como a de Willys Oliveira Ferreira, 29, que ia para sua terra natal, Itapetinga (BA). "Só consegui remarcar para as 18h a minha viagem, prevista para as 9h."
Ônibus que partiram de Ribeirão Preto às 6h30 só chegaram a São Paulo às 17h30 -o percurso, de 314 km, é feito normalmente em quatro horas.
Na rodoviária de Campinas, as vendas de passagens para São Paulo foram suspensas às 9h. "Tinha uma entrevista de emprego marcada para as 15h", disse o auxiliar de escritório, Jurandir Camargo Aparecido, 37, que ainda aguardava às 14h.

Comércio
As dificuldades de deslocamentos se refletiram no comércio. O número de consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito caiu durante todo o dia -no pior momento, das 11h às 12h, a queda foi de 15,7% em relação a anteontem. Na média do dia, a retração foi de 12,6%.


Colaboraram Folha Online e Folha Ribeirão


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