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Ilhado, paulistano desiste de ir ao trabalho
Temporal para circulação de ônibus, veículos fretados e trens; empresas dispensam empregados e comércio tem queda
Morador do entorno vive caos na chegada a São Paulo com o bloqueio de rodovias importantes como Régis Bittencourt e Anhanguera
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
DA AGÊNCIA FOLHA
"Desisti no meio do caminho
porque minha chefe me ligou,
dizendo que dispensou todo
mundo. Vou para casa ver esse
caos pela TV", diz a secretária
Neuza Jeremias, 49, às 9h30, ao
interromper a viagem da Freguesia do Ó (zona norte) a Perdizes (zona oeste), onde deveria estar às 7h30 no trabalho.
Ela só desistiu após tentar,
sem sucesso, atravessar a pé a
ponte do Piqueri, sobre o rio
Tietê. Com ela, uma multidão
munida de guarda-chuvas, que
buscava chegar ao trabalho
após os ônibus em que viajava
parar nas ruas alagadas.
A cena foi uma das mais comuns ontem. Nos orelhões, filas para avisar a empresa. "Desisti de ir ao trabalho", diz o
ajudante de cozinha Raimundo
José da Silva, 27, que mora na
Freguesia do Ó e trabalha na
Vila Leopoldina (zona oeste).
Em uma transportadora de
cargas da Vila Guilherme, zona
norte, só 10 dos cerca de 40 funcionários compareceram. "Vim
a pé, demorei quase duas horas
desviando de alagamento", diz
a funcionária Daniela Costa.
As viagens de fretados também foram afetadas. O empresário Mauricio Rodrigues, da
Ipojucatur, sofreu duplamente.
De carro, empacou na marginal
Pinheiros na ida ao trabalho.
Na empresa, viu 60% das 165 linhas da companhia, que opera
fretados vindos principalmente de Alphaville, voltarem sem
chegar ao destino. "A situação
foi caótica. As pessoas desistiam dos fretados e pegavam
trem para voltar pra casa."
O problema foi semelhante
na Astur, que completou os trajetos de apenas metade de suas
80 linhas e dispensou um terço
da frota que operaria à noite.
Rodovias
A Anhanguera foi bloqueada
totalmente por volta das 6h40
em Jundiaí em razão de um alagamento. Os motoristas foram
orientados a retornar -o trânsito foi liberado parcialmente
só às 18h15. As filas chegaram a
9 km na Anhanguera e a 10 km
na Bandeirantes. Na via Dutra,
atingiu 5 km, enquanto na Régis Bittencourt foi a 20 km.
No alagado aeroporto Campo
de Marte, as operações envolvendo aviões foram suspensas.
O transporte por trens na linha
7 (Luz-Francisco Morato) foi
interrompido por mais de dez
horas entre Caieiras e Jundiaí.
No terminal rodoviário do
Tietê, houve partidas com atrasos de até nove horas, como a
de Willys Oliveira Ferreira, 29,
que ia para sua terra natal, Itapetinga (BA). "Só consegui remarcar para as 18h a minha viagem, prevista para as 9h."
Ônibus que partiram de Ribeirão Preto às 6h30 só chegaram a São Paulo às 17h30 -o
percurso, de 314 km, é feito
normalmente em quatro horas.
Na rodoviária de Campinas,
as vendas de passagens para
São Paulo foram suspensas às
9h. "Tinha uma entrevista de
emprego marcada para as 15h",
disse o auxiliar de escritório,
Jurandir Camargo Aparecido,
37, que ainda aguardava às 14h.
Comércio
As dificuldades de deslocamentos se refletiram no comércio. O número de consultas
ao Serviço Central de Proteção
ao Crédito caiu durante todo o
dia -no pior momento, das 11h
às 12h, a queda foi de 15,7% em
relação a anteontem. Na média
do dia, a retração foi de 12,6%.
Colaboraram Folha Online e Folha Ribeirão
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