São Paulo, quarta, 9 de dezembro de 1998

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Militantes antiaborto pressionam deputados

BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília

Cerca de 50 religiosos e militantes da campanha contra o aborto ocuparam ontem o principal corredor de acesso ao plenário da Câmara dos Deputados em apoio ao projeto para derrubar norma técnica do Ministério da Saúde sobre interrupção da gravidez.
Os manifestantes exibiam dezenas de cartazes que traziam a foto de um feto morto no meio do lixo com os dizeres: "Mais uma criança vítima do aborto".
Nas faixas, o grupo dizia que "Abortar é assassinar um ser indefeso" e que "A vida começa com a concepção, deixai vir a mim as criancinhas". Os manifestantes chegaram à Câmara por volta das 15h. Durante três horas seguidas, repetiram uma reza: "Imaculado coração de Maria, livrai-nos da maldição do aborto".
Eles só deixaram o corredor por volta das 18h15, quando ficou claro que o projeto do deputado Severino Cavalcanti (PPB-PE) não seria votado ontem.
Partidos da base governista obstruíram todas as votações de ontem para poder discutir medida provisória que trata de isenção previdenciária de entidades filantrópicas.

Revogação
Cavalcanti quer revogar norma técnica baixada em novembro pelo ministério. A norma orienta hospitais que queiram implantar um programa para atendimento de mulheres que sofreram violência sexual e mostra como pode ser realizado o aborto em casos de gravidez resultante de estupro.
"Ao orientar, o ministério está fazendo uma incitação ao crime e querendo impor algo para fugir do campo de batalha da votação de uma lei nesse sentido aqui no Congresso", disse o padre Luiz Carlos Lodi, do grupo Pró-Vida de Anápolis (GO), que levou o grupo.
"O ministério fez seu papel, que é normatizar a assistência. A norma não obriga nenhum hospital a adotá-la, apenas oferece subsídios a Estados e municípios. Não estamos legislando, mas normatizando o atendimento de um problema de saúde pública", afirmou Tânia Lago, coordenadora da área de Saúde da Mulher do ministério.



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