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ACIDENTES
Número de ocorrências fatais na cidade de São Paulo é o menor desde 1979; multas de radares também diminuíram
Mortes no trânsito caem 7,5% em 2002
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A quantidade de mortes no
trânsito da capital paulista caiu
7,5% no ano passado, atingindo a
menor marca das últimas duas
décadas, segundo dados do IML
(Instituto Médico Legal) repassados à Folha pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
O balanço da violência no trânsito de São Paulo deve fechar 2002
com 1.412 mortes -sendo 826
ocupantes de veículos e 586 pedestres. As estatísticas de janeiro a
outubro já foram concluídas, enquanto as de novembro e dezembro são projeções de técnicos. Em
2001, no primeiro ano da gestão
Marta Suplicy, as mortes tiveram
elevação de 0,6%, atingindo 1.526.
Considerando apenas os números já fechados, dos primeiros dez
meses, a redução em 2002 chega a
7,8% em relação ao mesmo período de 2001 -de 1.290 para 1.189.
Especialistas ressalvam que,
embora positiva, a queda ainda
não é grande e poderia ser maior
se houvesse investimentos da prefeitura de acordo com as normas
do CTB (Código de Trânsito Brasileiro), em vigor desde 1998.
"Não se pode achar que é um problema resolvido. Ainda é uma temeridade", diz Roberto Scaringella, ex-presidente da CET.
Ele cobra, por exemplo, que
95% da arrecadação das multas
seja revertida em melhorias para
o trânsito, conforme prevê a lei.
Os gastos anuais da CET giram
em torno de R$ 200 milhões, enquanto a arrecadação com multas
beira R$ 400 milhões. A prefeitura
alega que toda a verba é gasta em
trânsito e transporte, mas por outros órgãos e secretarias -explicação contestada por técnicos.
Com as 1.412 mortes de 2002,
São Paulo beira 2,7 mortes por 10
mil veículos -marca que, embora inferior à média brasileira (acima de 6 por 10 mil) e à referência
mundial para um trânsito minimamente seguro (3 por 10 mil),
ainda supera em muito as médias
de países desenvolvidos (1,2 na
Inglaterra e Suécia, 1,5 no Japão e
1,7 na Alemanha, segundo dados
de 1998). A proporção de mortes
no trânsito por 100 mil habitantes
-acima de 14- também bate de
longe a de cidades como Nova
York (4,8) e Los Angeles (6,4).
Mauricio Régio, assessor de segurança no trânsito da CET, afirma que a queda nas mortes em
2002 está ligada a projetos desenvolvidos na periferia e à otimização da fiscalização eletrônica.
As estatísticas da CET mostram
que também houve uma redução
na quantidade de multas dos radares em 2002 -de 5,9%, passando de 1,21 milhão, em 2001, para
1,14 milhão. "A relação é direta. Se
há menos multas por excesso de
velocidade, a tendência é haver
menos mortes", diz Régio.
A quantidade de infrações dos
radares, entretanto, ainda é alta
-segunda maior marca anual
desde 1997, quando os primeiros
equipamentos eletrônicos foram
instalados. Ela perde apenas para
2001, quando a CET mudou a
margem de tolerância dos equipamentos fotográficos -que variava de 15 km/h a 20 km/h e foi
reduzida para 10 km/h.
O assessor da CET cita dois projetos baratos para a redução, principalmente, de atropelamentos.
Um deles é a iluminação das faixas de travessia de pedestres, projeto que teve início em 1997, na
gestão Celso Pitta. Até 2000, havia
743 dessas luminárias em São
Paulo. Em 2001, foram instaladas
mais 524 e, em 2002, mais de 700.
O custo de cada uma varia de R$
300 a R$ 800, e um estudo realizado há quatro anos mostrou que
essa medida poderia reduzir os
atropelamentos pela metade.
Régio também cita um programa de melhorias viárias feito em
12 corredores da periferia com altos índices de acidente, que inclui
a colocação de ilhas de travessia
para pedestres, semáforos e reforço da sinalização. O assessor da
CET e os especialistas Philip Anthony Gold, do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), e Scaringella também avaliam
ter havido influência da fiscalização eletrônica da velocidade.
No segundo semestre de 2002, a
CET espalhou faixas identificando novos lugares que receberiam
lombadas eletrônicas. A quantidade de equipamentos subirá de
31 para cem -sendo que 15 das
novas já foram instaladas.
Os efeitos dos radares no trânsito são sentidos desde 1998. Junto
com as novas regras do CTB, eles
levaram à queda de mais de 30%
das mortes em São Paulo.
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