São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 2003

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ADMINISTRAÇÃO

Falta de autonomia para nomear equipe foi o principal motivo para afastamento de Nélio Bizzo da Educação


Veto de Marta levou à demissão de secretário

SÍLVIA CORRÊA
ARMANDO PEREIRA FILHO


DA REPORTAGEM LOCAL

Foi por falta de autonomia que o biólogo Nélio Bizzo, 43, pediu demissão do cargo de secretário da Educação de São Paulo.
Professor da USP, Bizzo foi o terceiro titular da pasta nos dois anos da gestão de Marta Suplicy (PT). Deixou uma das vitrines petistas anteontem, após apenas seis dias ocupando o cargo.
Ele não comenta o afastamento, mas a Folha apurou que a demissão ocorreu porque Marta não aceitou que fossem levadas adiante as mudanças que Bizzo planejava fazer em cargos importantes da secretaria -o maior orçamento do governo (R$ 1,89 bilhão).
Nas palavras de um ocupante do alto escalão da prefeitura, a falta de acordo sobre as nomeações foi o "fato mais grave".
Um dos nomes da lista da discórdia seria a hoje secretária interina da Educação, Maria Aparecida Perez, mulher do ex-secretário de Transportes Carlos Zarattini.
Indicada para a chefia de gabinete da Educação em fevereiro de 2002, quando Eny Maia assumiu a pasta, Perez -que não respondeu aos pedidos de entrevista- é tida como um pulso forte na pasta, com interferência nas decisões.
Somou-se à falta de autonomia a surpresa de Bizzo com a "absorção" exigida pelo cargo e com a dimensão dos problemas da secretaria, o que alteraria sua vida.
O substituto de Bizzo ainda não foi definido pela prefeita. O mesmo ocorre com os de Jorge Hereda e de Eduardo Sanovicz.
Hereda pediu demissão ontem, oficialmente, da Secretaria Municipal de Serviços e Obras (SSO) para assumir a Secretaria Nacional de Habitação do governo Lula.
Já Sanovicz, presidente do Anhembi, está em férias até o dia 20, mas sua indicação para a presidência da Embratur já foi confirmada e ele deve se afastar tão logo seu sucessor seja anunciado.
Ontem a prefeita consultou alguns cotados para as vagas, mas as identidades não foram ventiladas. Por enquanto, no Executivo circulam apenas os nomes dos eternos cotados: o chefe de gabinete das Finanças, Fernando Haddad, para a Educação, e o vereador e deputado federal eleito José Mentor para a SSO.
Contrariando essas previsões, porém, há setores que acreditam que Marta manterá o perfil do secretário da Educação -priorizando a proximidade com educadores- e que Mentor prefere "cavar um espaço em Brasília".
Com Bizzo, a reforma secretarial de Marta já atinge nove dos 18 cargos do primeiro escalão. E ainda não é dada por encerrada.


Colaborou JOÃO CARLOS SILVA


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