São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 2003

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ACIDENTE

Duas unidades do metrô de Belo Horizonte bateram de frente em estação onde há só uma linha; CBTU vê falha humana

Choque de trens deixa 77 feridos em MG

Cesar Tropia/"O Tempo"
Funcionários ao lado dos dois trens que se chocaram em Belo Horizonte


LEONARDO WERNER
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE

Um choque frontal entre dois trens do metrô de Belo Horizonte, na manhã de ontem, provocou ferimentos em 77 pessoas. Todos foram liberados depois de atendidos. Foi o maior acidente da história do metrô na cidade.
A colisão aconteceu por volta das 8h40, na estação 1º de Maio, no bairro de mesmo nome (zona norte). O trecho funciona de forma parcial desde que foi inaugurado, em fevereiro de 2002.
Na estação, há apenas uma linha em operação, já que a segunda não foi concluída. Por ela, alternadamente, passam trens em ambos sentidos. Não há sinalização eletrônica. No lugar disso, dois postos controlam o tráfego.
Por um motivo que ainda não foi esclarecido, o trem de número 7 não esperou que outro -o de número 12, que ia em direção ao centro da cidade-, saísse do trajeto e seguiu caminho até chocar-se contra ele.
O Centro de Controle Operacional da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) só conseguiu alertar os maquinistas quando nada mais poderia ser feito. Ambos saltaram de suas máquinas antes do choque.
No momento do impacto, o trem 7 rodava a aproximadamente 40 km/h. O outro estava acelerando, após ter ficado parado para embarque e desembarque de passageiros. Mais de 400 pessoas estavam dentro dos vagões.
Cerca de 20 minutos depois do choque, 30 carros da Polícia Militar e sete do Corpo de Bombeiros já estavam no local. Os feridos foram removidos para hospitais próximos e da região central da capital mineira. No início da noite de ontem, nenhum ferido continuava hospitalizado.

Emergência

No Pronto-Socorro de Venda Nova, região metropolitana de Belo Horizonte, foram atendidas 50 pessoas. O movimento durante a manhã foi tão intenso que médicos que estavam de folga foram chamados para atender. Profissionais que atuam em outros hospitais também prestaram auxílio.
O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), visitou o local no fim da manhã e disponibilizou médicos da prefeitura para socorrer os acidentados.
O hospital João 23 atendeu os casos mais graves, que envolviam fraturas e traumatismos.
Um dos atendidos no local foi o maquinista do trem 12, Jackson Pereira Lopes, 20. Ele teria se chocado contra a plataforma quando saltou do metrô. O maquinista teve traumatismo craniano e fraturou a mandíbula. O condutor do outro trem, Wilber Magno de Oliveira, 27, escapou ileso.
Entre os passageiros, estava Leonardo Souza, 19, que acabou se ferindo nos braços e também foi levado ao hospital. "Na hora, tomei um susto muito grande. Havia pessoas desesperadas. Não dá para você ver direito o que está acontecendo, porque é tudo muito rápido", disse o rapaz, que, apesar de machucado, estava preocupado porque não tinha conseguido avisar seu patrão, "em uma loja de ferragens", sobre o motivo da ausência ao trabalho.

Hipóteses

A CBTU, responsável pela operação dos trens, informou, por nota, que há indícios de falha humana. Uma das hipóteses é que um dos operadores poderia não ter alertado os maquinistas sobre a possibilidade do choque. Pela outra versão do órgão, o maquinista Oliveira poderia ter desobedecido a orientação de esperar até que a linha estivesse desocupada.
O sindicato dos metroviários afirma que o acidente aconteceu por falta de sinalização eletrônica no trecho. Tal recurso permitiria que os trens fossem parados por meio de computador, assim que fosse detectado o risco de batida.
A CBTU informou que abriu uma comissão para apurar as causas do acidente. O órgão deverá emitir laudo sobre o caso em 15 dias. O Instituto de Criminalística esteve no local para fazer perícia.
O choque causou a interdição da estação 1º de Maio e de quatro outras. A expectativa é que elas estivessem liberadas ainda na manhã de hoje. O metrô mineiro opera na superfície.


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