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Medo de uma nova enchente ainda tira sono de moradores
"Choveu, fico deitada na minha cama ouvindo a chuva. Às vezes abro a porta para ver como está", diz Maria Peixoto, 79
De acordo com prefeitura, medida para evitar novos alagamentos foi tomada, como mudança na base das pontes e limpeza do rio
DA ENVIADA ESPECIAL
Quem anda pela antiga capital de Goiás não encontra marcas visíveis da enchente de
2001. Mas basta conversar com
quem esteve presente nessa
traumática virada de ano para
ver que a imagem da água "rodando tudo", termo local para
"levando tudo", é marcante.
Passados nove anos, ainda há
quem não durma em noites de
muita chuva. Maria Peixoto, 79,
conhecida pela vizinhança como dona Tidi, é uma dessas
pessoas. "Choveu, fico deitada
na minha cama ouvindo a chuva. Às vezes abro a porta para
ver como está."
André Albuquerque, 26, é outro que tem dificuldade para
dormir quando chove forte. A
casa em que morava até 2001
foi invadida pela água duas vezes em pouco mais de uma década -uma enchente mais
branda levantou 1,5 metro de
água, e a grande enchente de
2001, 2,5 metros-, motivo pelo
qual a família decidiu se mudar.
"Lembro do meu pai me acordando e dizendo que a água estava subindo. Peguei meus documentos e os dois papagaios."
O que ficou para trás se perdeu para sempre na maioria
dos casos. Isso inclui móveis,
álbuns de fotografia, certidões
de casamento, joias de família e
até cachorros. "Teve gente que
perdeu a história da família",
afirma Mara Publio Veiga Jardim, secretária de Cultura.
A situação devastadora da cidade nos meses seguintes à enchente levou muitos, principalmente idosos, à depressão.
"Todos os moradores têm receio de que a água suba como
em 2001. O medo ainda existe,
mas as medidas foram tomadas, afirma Dyogo Crosara, da
prefeitura. Segundo ele, a base
de sustentação das pontes foi
afinada -de modo a permitir
que objetos escoem por elas-,
120 mil mudas foram plantadas
para evitar o assoreamento, o
rio passa por limpeza periódica
para retirar entulho e praças
rebaixadas foram construídas.
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