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Refugiado prejudica RJ, diz secretário
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
O secretário da Segurança Pública do Estado do Rio, Josias
Quintal, acusou ontem o governo
federal de agravar os problemas
do Rio ao acolher refugiados políticos de Angola.
De acordo com Quintal, o governo federal abandona os angolanos nas favelas do Rio, sem dar a
eles condições dignas de vida.
Coronel da reserva da PM (Polícia Militar), Quintal previu em,
entrevista à Folha, que, logo, angolanos estarão integrando as
quadrilhas de traficantes nas favelas cariocas.
"Se não existe, hoje, o envolvimento comprovado, com certeza
absoluta existirá dentro de algum
tempo. Se não existe no presente,
com certeza estão criando condições para o futuro", afirmou ele.
Segundo Quintal, as investigações da Polícia Civil e da Polícia
Militar no complexo de favelas da
Maré indicam não haver angolanos treinando traficantes com táticas de guerrilha ou participando
de quadrilhas criminosas.
"Em momento algum tivemos
isso comprovado. Isso de campo
de treinamento na comunidade,
no complexo, está mais do que
verificado que não existe", disse
Quintal, que se reuniu ontem com
15 lideranças comunitárias do
complexo.
Entretanto, o secretário afirmou
que, ao aceitar os refugiados, o
governo federal prejudica o Rio.
"O governo brasileiro tem acordos internacionais e aceita essas
pessoas em razão dos acordos.
Agora, pegar esse pessoal e jogar
na favela é crueldade com eles e
conosco. O Rio já tem problemas
demais", disse Quintal.
Para o secretário, "os angolanos, a maioria absoluta, são pessoas de bem", mas que as miseráveis condições de vida nas favelas
podem levá-los à criminalidade.
Quintal defendeu a ação policial
em que foram cadastrados e fotografados os angolanos residentes
no complexo da Maré.
Desde segunda-feira, o complexo está ocupado por cerca de 700
policiais. Na sexta-feira, seis favelados foram mortos em uma suposta guerra de traficantes.
As críticas à ação policial feitas
pelo coordenador de Pesquisa e
Cidadania da secretaria, Luiz
Eduardo Soares, não são aceitas
por Quintal.
Ideólogo da reestruturação policial em curso no governo Anthony Garotinho (PDT), Soares
disse que os policiais não agiriam
da mesma forma caso os suspeitos fossem dinamarqueses louros.
"Eu não tenho discriminação.
Se tivesse dinamarqueses ou noruegueses naquele lugar, com certeza passariam pelo mesmo processo. Não podemos deixar a coisa nesse estado de desorganização. Vou manter essa linha. Esse
controle, o Estado tem que ter",
disse Quintal.
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