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SAÚDE
Pesquisa revela que remédio não teve efeito
Tratar doença de Chagas crônica é ineficaz
LUCIA MARTINS
da Reportagem Local
O tratamento da doença de Chagas na fase crônica é ineficaz e desnecessário. Essa é a conclusão de
estudo realizado pela médica-assistente do Incor (Instituto do Coração), Barbara Ianni.
Barbara estudou o comportamento de 33 pacientes com a forma indeterminada da doença. Metade deles tomou remédio para
matar o Tripanossoma cruzi , e o
restante não foi submetido a nenhum tratamento.
A pesquisa mostrou que o uso
do remédio não teve nenhum efeito sobre o protozoário. Segundo a
médica, como não há comprovação dos efeitos do remédio nessa
fase, o uso do medicamento não
compensa por causa dos fortes
efeitos colaterais que provoca.
"O remédio pode causar anorexia, náusea e até infecções nos nervos das pernas. São efeitos muito
ruins", afirma a médica. O resultado da pesquisa -que será publicada no próximo número da revista da Sociedade Brasileira de
Cardiologia, a "Arquivos Brasileiros de Cardiologia"- serviu de
base para nortear a estratégia do
Incor em relação a pessoas com a
forma indeterminada da doença.
A recomendação do hospital é
não usar remédios para tentar matar o protozoário. Quando o paciente tem os sintomas da doença,
a orientação é tratar apenas os
efeitos.
"Mas isso não é a regra geral dos
hospitais. Há muita divergência
ainda de qual é a melhor forma de
combater o protozoário."
Um médico que discorda da tese
de Barbara é o infectologista Vicente Amato Neto. "Ainda não temos remédios maravilhosos para
tratar a doença, mas acho que a
conclusão dessa médica é mais
pessimista do que se pode prever."
A doença de Chagas é transmitida por meio da picada do barbeiro, um inseto comum no interior
do Brasil. O protozoário se aloja
no coração, intestino e esôfago,
podendo causar desde inflamações a uma parada cardíaca.
A estimativa é de que 60% das
pessoas infectadas pelo protozoário não desenvolvam os sintomas
da doença. Um quarto do total teria sintomas leves e 10% desenvolveriam problemas no coração.
No Brasil, calcula-se que existam
6 milhões de pessoas com o protozoário. No Incor, há cerca de 2.000
sendo acompanhadas.
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