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Revista encontra 20 celulares nas celas
da Agência Folha, em Praia Grande
Vinte aparelhos de telefone celular tinham sido apreendidos até as
18h de ontem na revista que policiais civis e militares realizavam
nas 64 celas do Cadeião.
Depois que os presos se recolheram, grupos de policiais passaram
a vasculhar cela por cela. Eles retiravam os presos, revistavam cada
um e procuravam na cela objetos e
armas escondidos.
"Pelo simples fato de haver celulares aí dentro, você calcula como a
cadeia funciona. Com um celular,
você pode combinar tudo com
quem está fora", disse a advogada
Renata Ucci, da Comissão de Direitos Humanos da OAB.
Ela afirmou já ter recebido denúncias de casos de extorsão supostamente praticados por funcionários. Para Renata, há dificuldade
para investigar porque os denunciantes não querem formalizar a
queixa, com medo de represálias.
"Se as pessoas que visitam são revistadas, se os advogados passam
por detectores de metais, de que
maneira essas armas e celulares
entram na cadeia?", indagou.
Ela afirmou que há cinco anos
acompanha rebeliões de presos na
cidade, e ontem, pela primeira vez,
foi impedida de ter acesso ao interior da cadeia.
Diante da cadeia, mulheres de
presos, que conseguiram acesso ao
local se embrenhando na mata que
circunda a prisão, gritavam e esmurravam o portão principal afirmando que os maridos estavam
sendo agredidos. "Eu sabia que iria
ter rebelião. Meu marido me telefonou pelo celular às 5h", disse Karina Silva Rodrigues, 18. Segundo
ela, o motivo da rebelião seriam os
maus-tratos aos quais os presos
supostamente são submetidos.
Lúcia Galvão, 53, mãe de um preso de 29 anos, disse que os detentos
e os visitantes obtêm privilégios
quando aceitam pagar a funcionários. "Aqui é tudo pago. Quem não
tiver dinheiro, não entra."
"Para entrar um colchão, você
tem de pagar R$ 70", afirmou uma
mulher que se identificou apenas
como Solange, cujo marido cumpre 20 anos de pena, condenado
por dois homicídios.
O Cadeião tem capacidade para
receber até 512 presos (oito em cada uma das 64 celas). Na prisão
ocorreu a maior fuga de presos na
Baixada Santista -em 7 de setembro de 1996, quando 93 detentos
fugiram correndo pelo portão.
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