|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Total de mortos em 99 supera 4 anos
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
O número de presos mortos desde o início do ano até agora durante motins em presídios de São Paulo já é quatro vezes maior do que o
índice dos últimos quatro anos.
De 95 a 98, de acordo com a Secretaria da Administração Penitenciária, morreram três detentos
em presídios paulistas.
Neste ano, somente o incidente
na Penitenciária 2 de Pirajuí (interior de SP) foi responsável pela
morte de 13 presos -o quádruplo
dos últimos quatro anos.
Somando-se as 13 mortes registradas até o momento no sistema
penitenciário com as sete mortes
de ontem na Cadeia Pública de
Praia Grande (de responsabilidade
da Secretaria da Segurança Pública), verifica-se que o número de
presos (20) assassinados neste ano
já se aproxima do total de detentos
mortos no ano passado (24), segundo o Ilanud (órgão da ONU
que trata da violência).
Em São Paulo, a administração
de DPs e cadeias públicas é de responsabilidade da Secretaria da Segurança Pública e a de presídios,
da Secretaria da Administração
Penitenciária.
Os responsáveis pela área prisional de São Paulo estão tentando
entender a razão de terem ocorrido motins tão violentos, com números tão altos de vítimas.
Detalhe: grande parte desses incidentes tem acontecido em presídios com lotação normal. A superlotação costuma ser considerada o
principal problema desencadeador de rebeliões.
E, ao contrário do que muitas vezes ocorre, os episódios recentes
aparentemente não estão tendo
envolvimento de agentes do Estado (policiais, carcereiros) -resultam de brigas entre os presos.
Para o secretário-executivo do
Ilanud, Oscar Vilhena Vieira, o aumento da agressividade entre presos pode estar associado à disputa
na prisão de grupos criminosos cada vez mais organizados do lado de
fora, como, por exemplo, quadrilhas de traficantes.
"A guerra entre grupos criminosos mais organizados tende a continuar na prisão quando membros
deles são detidos", disse Vieira.
O secretário da Administração
Penitenciária, João Benedicto de
Azevedo Marques, considera que
os novos incidentes graves envolvendo presos são "um reflexo da
atual cultura da violência, presente
em toda a sociedade".
Iara Aparecida de Paula, do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de SP, disse que a
"disputa por liderança na cadeia" é
um dos fatores que podem estar
estimulando a violência interna.
O secretário-adjunto da Segurança Pública, Mário Papaterra Limongi, informou que a secretaria
vai dar prioridade à transferência
de presos como forma de evitar o
acirramento da violência nas cadeias ainda superlotadas.
Texto Anterior: Presos mantêm 10 reféns por 14 horas Próximo Texto: Barbara Gancia: Logística de enterro de Hussein faz queixo cair Índice
|