|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Problema é de interpretação
do comportamento humano"
da Reportagem Local
Advogados ouvidos pela Folha
divergem de opinião ao analisar a
decisão do STJ em levar o caso da
morte do índio pataxó em Brasília
a júri popular.
Para o criminalista Waldir Troncoso Peres, não está errado deixar
que a comunidade -representada
pelo júri-decida sobre o caso.
Porém, para ele, o STJ deveria já
ter classificado o crime como lesão
corporal seguida de morte, conforme julgou a juíza Sandra de Santis.
"Os meninos podiam até ter uma
perversidade na alma para assustar o índio. Mas só se fossem psicopatas teriam a intenção de matar
um desconhecido", diz.
"É um problema de interpretação do comportamento humano."
De acordo com o também criminalista Márcio Thomaz Bastos,
não há como dizer qual é o julgamento correto. Ambas as saídas,
diz ele, eram as únicas possíveis.
"Eu, particularmente, prefiro
que meu cliente vá a júri popular
porque há maior possibilidade de
discutir a falta ou não de intenção
no crime. Os jurados têm mais
sensibilidade de examinar os motivos da conduta."
Ele não nega que esse caso, por
ter tido grande repercussão, sofreu
forte pressão da sociedade e da mídia. "Mas tenho certeza de que o
STJ julgou pelos autos, não pela
opinião pública."
O vice-presidente da Comissão
de Direitos Humanos da OAB-SP
(Ordem dos Advogados do Brasil),
Iberê Bandeira de Mello, diz que a
decisão foi acertada.
Segundo ele, a intenção dos garotos não foi de lesionar, mas pregar
um susto no índio.
"No mínimo, os meninos assumiram que, como decorrência do
susto, havia risco de o índio morrer", diz. Ele também afirma que a
influência da mídia e da opinião
pública é inevitável num caso visado como esse. "Agora, é dever do
júri representar o povo e julgar
corretamente."
Texto Anterior: Defesa vê perseguição Próximo Texto: Crime: PF apura ligação de "dr.Fritz" com tráfico Índice
|