São Paulo, Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 1999
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CRIME
Faria Jr., que diz incorporar o médico, teria relacionamento com empresário condenado por remeter cocaína
PF apura ligação de "dr.Fritz" com tráfico

SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

A possibilidade de envolvimento do engenheiro e médium Rubens Faria Jr., que diz incorporar o espírito do médico "dr. Fritz", com o tráfico internacional de cocaína começou a ser investigada pela Polícia Federal no Rio.
Inquérito aberto no final de janeiro pela superintendência fluminense da PF apura se Faria Jr., 44, participa de um esquema criminoso responsável pelas práticas de sonegação fiscal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
O inquérito (número 62/99) da Delegacia Fazendária da PF investiga ainda a suposta participação do acusado em três homicídios -clientes teriam morrido na mesa de cirurgia-, lesões corporais, omissão de socorro e exercício ilegal da medicina.
A suspeita de que Faria Jr. estaria envolvido com o tráfico surgiu a partir da descoberta de que ele negociou um carro BMW com Carlos Germano Neto, empresário brasileiro preso nos EUA acusado de chefiar uma quadrilha que abastece a Europa de cocaína.
O médium e Germano Neto seriam amigos, de acordo com o termo de declaração prestado à PF pelo ex-cunhado de Faria Jr., Sebastião Odílio da Costa.
A própria irmã do acusado, Suely Aparecida de Faria, disse a policiais federais que ele tinha ligações com Germano Neto, dono da segunda maior revendedora BMW existente no Brasil.
Em 4 de julho de 1996, Germano Neto foi condenado a 12 anos de prisão pelo Tribunal de Grande Instância de Paris por tráfico internacional de drogas.
A Justiça da França concluiu que o empresário brasileiro remeteu, no verão de 91, 80 kg de cocaína para Paris. Germano Neto foi preso em Nova York em 4 de setembro do ano passado.

Mortes
O inquérito da PF contra Faria Jr. foi aberto pelo delegado Marcelo Bertolucci em 21 de janeiro. Cinco dias depois, a PF prendeu em frente ao galpão onde o "doutor Fritz" examina doentes (na Penha, zona norte), o segurança Nelson José Nunes Júnior.
O segurança foi preso sob a acusação de portar uma pistola Taurus e 56 cartuchos de munição. Ele não tem porte de arma.
Em depoimento, Nunes Júnior afirmou ter visto três pacientes morrerem na mesa de cirurgia durante "consulta espiritual".
O segurança disse ter levado os corpos para o hospital Getúlio Vargas, na Penha.


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