São Paulo, Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 1999
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"Extorsão gerou denúncia'

da Reportagem Local

O engenheiro e médium Rubens Faria Jr. disse ontem estar sendo vítima de extorsão por parte de um grupo que envolve supostos policiais federais e a família de sua ex-mulher. "As denúncias contra meu trabalho só surgiram depois que me neguei a oferecer dinheiro a esse grupo", afirmou.
Faria Jr. disse que na quarta passada foi chamado à casa de seu ex-cunhado Sebastião Odílio Moreira, em Jacarepaguá (Rio), para uma "negociação".
"Na casa estavam o advogado de minha ex-mulher, ela própria, seus irmãos e um homem que se apresentou como delegado da Polícia Federal. Eu sei seu nome e tenho condições de identificá-lo. No encontro, me apresentaram uma carta anônima onde eram feitas denúncias contra a minha pessoa e o meu trabalho. Pediram R$ 3 milhões, depois R$ 800 mil, depois R$ 200 mil, mais pagamentos mensais de R$ 25 mil durante quatro anos. Diziam que, caso não pagasse, iriam levar as denúncias à imprensa e à polícia."
Segundo o médium, alguns dias antes do encontro a polícia prendeu um rapaz que trabalharia como segurança no local onde atende os pacientes. "Muitas das acusações partiram desse rapaz. Mas tanto ele como a prisão fazem parte de uma montagem", disse Faria.
Ele atribui o "complô" à "fúria" de sua ex-mulher. "Ela não se conformou em perder o acesso que tinha ao meu trabalho e ao dinheiro que arrecadava. Só mais tarde fiquei sabendo que ela e os irmãos controlavam as senhas, cobravam por cirurgias e não pagavam nem sequer os fornecedores. Ela ficou tão desesperada que invadiu meu flat e meu escritório mais de uma vez, levando documentos e quebrando computadores."
Faria negou que tenha contas em bancos fora do país ou contatos com José Germano Neto, preso por tráfico. "Comprei um carro que, tempos antes, tinha sido adquirido na loja desse Germano, que não conheço. Todos os meus bens constam do Importo de Renda."
Também nega as mortes que teriam ocorrido durante as cirurgias e a transferência de corpos para o Hospital Getúlio Vargas. "Nunca houve morte durante as operações. Se alguém passava mal antes de minha chegada -e havia ali muitos doentes graves- era levado imediatamente ao hospital mais próximo."
Ontem, o advogado de Faria, Paulo Esteves, autorizou-o a dar sua versão dos fatos. "Estou com muito medo. Tenho certeza de que estou correndo risco de vida", afirmou o médium. (AURELIANO BIANCARELLI)

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