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Promotoria deve investigar suposta ligação de perueiros com tráfico
DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia e o Ministério Público
deverão investigar a ligação do
narcotráfico com a destruição de
dez ônibus em São Paulo. Há suspeita de que grupos criminosos
de perueiros estejam por trás dos
incêndios e depredações que começaram anteontem, quando foi
intensificada a fiscalização contra
as lotações clandestinas.
A prefeita Marta Suplicy disse
que esse assunto "não é mais
questão da prefeitura, é questão
de polícia". "A informação que
obtive é que é um pessoal ligado
ao narcotráfico, que colocou menores de idade para operar nesse
incêndio de ônibus." Anteontem
à noite, dois adolescentes foram
detidos por suspeita de envolvimento em uma dessas ações.
Em dezembro, perueiros impuseram toque de recolher a comerciantes da zona norte por causa da
morte de um traficante. Nos dois
primeiros dias das blitze conjuntas entre a SPTrans (São Paulo
Transporte) e a Polícia Militar,
houve oito ônibus queimados e
dois apedrejados, todos na zona
sul. No ano passado inteiro, 70
veículos foram atingidos em atentados atribuídos a perueiros.
Anteontem, 36 peruas foram
apreendidas pela fiscalização. Ontem de manhã, houve mais nove
apreensões. Nos 31 dias de janeiro, foram apenas 27.
O secretário dos Transportes,
Carlos Zarattini, pedirá ao Ministério Público uma investigação
sobre a máfia dos perueiros. Ele
também solicitou interferência do
secretário da Segurança Pública,
Marco Vinicio Petrelluzzi. Segundo Zarattini, as blitze contra os
clandestinos serão mantidas. Essa
foi uma condição do sindicato
dos motoristas para suspender
uma greve na última terça.
Um dos ônibus foi atacado ontem, por volta das 13h30, quando
estava parado, sem passageiros,
no ponto final da linha Sesc Interlagos-Metrô Jabaquara. Testemunhas viram três homens jogando
uma garrafa dentro do veículo.
Em seguida, houve uma explosão.
Motoristas da Bola Branca conseguiram conter parte do fogo, mas
a frente foi destruída.
O segundo ataque do dia aconteceu no começo da noite, no Jardim Miriam. Um grupo jogou pedras no veículo. Quinze pessoas
foram detidas e encaminhadas à
delegacia. Segundo policiais, um
passageiro teria ficado ferido.
Líder da categoria na zona sul,
Laércio Ezequiel dos Santos nega
envolvimento nesses atos. Na gestão Pitta, ele foi preso sob a acusação de participar de atentados a
ônibus. Santos admite a existência de criminosos entre os perueiros. "Máfia existe em todos os segmentos. Mas não dá para generalizar."
(ALENCAR IZIDORO E JOÃO CARLOS SILVA)
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