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Medida não livra governo de investimento
DA REPORTAGEM LOCAL
O pedágio urbano pode
ser a estratégia de gestão de
trânsito mais eficaz para
2020, mas não bastaria para
bancar os investimentos de
que São Paulo precisa no setor de transportes.
Mesmo com essa fonte de
receita adicional, os governos ainda teriam que gastar
US$ 3,2 bilhões (cerca de R$
11,2 bilhões) para criar condições de infra-estrutura,
como a ampliação do viário
e da malha de metrô, trens e
corredores de ônibus.
Essas projeções e valores
são do Pitu 2020, elaborado
por especialistas do Estado e
de prefeituras da Grande São
Paulo em 1999. O plano impõe como premissa para o
pedágio urbano investimentos concomitantes na infra-estrutura de transportes.
O Pitu também estudou
outras estratégias, como a
elevação do custo de estacionamentos no centro e a existência de um sistema complementar de microônibus
na região. O pedágio urbano, porém, recebeu a maior
nota de desempenho. O custo estimado para a implantação dele beiraria R$ 15 milhões, em valores da época.
Pelas projeções do plano, a
velocidade do trânsito no
centro expandido nos horários de pico, que atingia
28,82 km/h em 1997, seria de
26,09 km/h em 2020 se fossem mantidas as condições
daquele ano; de 28,41 km/h
se fossem feitos os investimentos em infra-estrutura
previstos; e de 29,65 km/h se
fosse também adotado o pedágio urbano.
A diferença de 1,24 km/h
com a implantação do pedágio urbano, apesar de pequena, não é desprezível, segundo Arnaldo Luís Santos
Pereira, um dos organizadores do Pitu 2020. "O crescimento da velocidade parece
pouco, mas representa muito se pensarmos nas milhões
de viagens feitas", diz.
Pereira ressalva que as estratégias sugeridas no Pitu
não indicam que, se adotadas, haverá menos congestionamentos do que hoje. "A
situação, em 2020, não será
muito diferente da atual. Se
não adotarmos, será pior."
Sem a adoção do pedágio
urbano, por exemplo, a
quantidade de investimentos do poder público para
construir a infra-estrutura
de transportes adequada
(sendo 162 km de metrô, 84
km de metrô em nível e 44
km de trem especial, além da
construção de corredores de
ônibus e de melhorias no sistema viário) iria de US$ 3,2
bilhões para US$ 7,2 bilhões.
O diretor do Metrô diz que
as estratégias do Pitu 2020,
que devem ser atualizadas
no decorrer dos anos, têm
apenas a função de discutir e
alertar sobre os rumos do
transporte. "Mas é a sociedade que vai decidir. Para amadurecer, essa discussão ainda leva de cinco a dez anos."
Pereira defende soluções
sem tanta pressa, para endurecer a restrição veicular.
"Poderíamos começar por
uma região pequena", diz.
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