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Desratização foi intensificada antes das mortes
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A desratização no Zoológico de
São Paulo foi intensificada depois
de reclamações de funcionários
do local. Antes da morte dos animais, no fim de dezembro do ano
passado, a chefe do setor de mamíferos sugeriu o cancelamento
de contrato com a empresa MAM
do Brasil, que fazia a desratização
de alguns setores do local, em razão da ineficácia do trabalho.
O ofício encaminhado à Divisão
de Ciências Biológicas relata que
havia ocorrido um aumento da
população de roedores e que um
papagaio chegara a matar um rato
a bicadas. Também havia proliferação de ratos no chamado setor
extra, onde ficam animais que
não são vistos pelo público -a
maioria dos bichos mortos, os 43
porcos espinhos, estava no local.
A carta da chefe do setor foi encaminhada à polícia.
A empresa começou a executar
o serviço em setembro do ano
passado. De acordo com os relatos de funcionários da empresa e
do zôo, após a reclamação, já em
janeiro, a MAM intensificou os
trabalhos, utilizando também
uma substância em gás nas tocas
dos ratos, além de mais de um outro tipo de veneno nas caixas de
madeira com iscas.
Não há qualquer evidência no
inquérito de que possa ter sido
utilizado na desratização o produto monofluoracetato de sódio,
que matou os animais e cujo uso
em raticidas é proibido no país. A
MAM apresentou à polícia atestados de registro na Vigilância Sanitária e de serviços prestados a outros grandes clientes, como lanchonetes do McDonald's.
A empresa ofertou o melhor
preço ao zôo na licitação -R$
7.940,00 pelo serviço-, segundo
documentos. Concorrentes chegaram a pedir mais de R$ 11 mil
pela empreitada. A empresa deveria fazer dez aplicações -três
quinzenais e sete mensais.
O responsável pela operacionalização das desratizações feita pela
empresa disse à polícia não ter
formação em química. O responsável técnico é o proprietário.
A reportagem procurou a empresa no fim da tarde de ontem e o
responsável pela operacionalização das desratizações, este por
meio do telefone celular. Foi informada que só o proprietário poderia falar sobre o assunto. A Folha não conseguiu localizá-lo.
Procurados, os diretores do zôo
não se manifestaram.
A diretoria do zôo destacou à
polícia que morreram principalmente animais estratégicos. E relatou apenas três problemas envolvendo funcionários: o sumiço
de um papagaio -o responsável
pelo setor teria morrido, segundo
o sindicato dos trabalhadores-,
o de alguma quantidade de substância utilizada para anestesiar
animais -foi verificado que os
controles não eram adequados-
e a manutenção irregular, por um
trabalhador, de duas iguanas em
uma sala. O funcionário responsável foi demitido.
Funcionários do zôo ouvidos
pela polícia disseram desconhecer problemas entre trabalhadores e a diretoria do zoológico.
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