São Paulo, terça, 10 de março de 1998

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CRIMES
Cálculo, de órgão da ONU, leva em conta homicídio, lesão corporal, roubo e furto; Diadema é a mais perigosa da Grande SP
Novo índice aponta cidades mais violentas

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

Um índice de criminalidade aplicado pela primeira vez pelo Ilanud, instituto da ONU (Organização das Nações Unidas) que trata de segurança, modifica o ranking das cidades consideradas mais violentas da Grande SP e região. Normalmente, a classificação de cidades e regiões violentas é feita a partir do índice de homicídio por 100 mil habitantes. De acordo com esse critério, Embu, por exemplo, é considerado um município muito violento, porque lá se registra, em média, 100 assassinatos por 100 mil habitantes -número que o coloca entre as cinco cidades com maior número de homicídios na região. Já Mogi das Cruzes não seria considerada uma cidade muito violenta, levando-se apenas em conta seus cerca de 23 homicídios por 100 mil habitantes.

Inversão
No entanto, de acordo com o novo índice, essa situação se inverte. Embu fica entre as quatro cidades menos violentas da Grande São Paulo e Mogi das Cruzes aparece como o 11º município mais perigoso entre os 36 analisadas na região metropolitana.
Isso porque o Ilanud desenvolveu uma fórmula que leva em consideração quatro tipos de delito -lesão corporal, furto e roubo, além do tradicional homicídio.
A novidade é que o novo índice leva em consideração mais de um crime e os atribui pesos diferentes, de acordo com suas gravidades. O resultado é um número ponderado que ilustra uma tendência da violência.
O índice, finalizado no ano final do ano passado, com os dados do Seade, varia de 800 a 3.700 pontos.
A tida violenta Embu, por exemplo, somou 1.254,50 pontos. Já o índice de criminalidade de Mogi das Cruzes foi 2.254,65 (veja quadro ao lado).
"Qualquer indicador agregado (no caso desse, composto por quatro tipos de crime) é melhor do que o unitário (só o número de homicídios, por exemplo)", disse o pesquisador do Ilanud Tulio Kahn, criador do indicador de criminalidade.
Ele faz uma analogia entre esse indicador e os econômicos para explicar a importância de se ter um índice que mostre um conjunto de violência que pode atingir um maior número de pessoas.
"Não se pode combater a inflação se não há instrumento indicador que a meça. Também não se tem como medir o impacto das medidas de segurança pública que estão sendo colocadas em prática se não há indicação mais precisa do aumento ou da diminuição da violência", afirmou Kahn.
"Em Embu, por exemplo, sabemos que há um problema isolado de homicídio. Mas os casos de roubo e furto são pequenos. Então, não se justifica reforçar todo o aparato policial nessa região", afirmou o pesquisador.
"Nesse caso, são mais importantes as ações preventivas da polícia, como fiscalização de bares -onde há muito homicídio por causa de discussões, principalmente entre pessoas embriagadas- e de pessoas portando armas ilegais."
A cidade que obteve maior índice de criminalidade foi Diadema (3.658,73). São Paulo aparece em terceiro, com 2.676,29 pontos. São Bernardo é a cidade menos violenta da região por esse critério. Somou 836,05 pontos.



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