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Vereador omitiu bens de sua declaração
MARIO CESAR CARVALHO
da Reportagem Local
O vereador Vicente Viscome
(PPB), acusado pela polícia de comandar a máfia da propina na administração regional da Penha
(zona leste de São Paulo), omitiu 11
imóveis na declaração de bens que
entregou à Câmara em janeiro de
1997.
Omitir informações em documento eleitoral, segundo os artigo
350 do Código Eleitoral, é crime,
punido com pena de 3 a 5 anos de
prisão e multa.
Oficialmente, Viscome é o vereador mais rico de São Paulo. Sua declaração de bens lista 127 imóveis,
e seu patrimônio declarado é de R$
16,56 milhões.
Mesmo assim, sua lista de bens
imobiliários tem omissões. A Folha comparou a declaração oficial
de bens, entregue à Câmara e publicada no "Diário Oficial", com
levantamento feito em 18 cartórios
de registros de imóveis da cidade
de São Paulo.
Apareceram 11 imóveis em nome
de Vicente Benedicto Viscome que
não foram incluídos na declaração
oficial (veja no quadro ao lado). Só
um dos bens foi comprado após
Viscome assumir o cargo na Câmara, em 1994. Antes, era suplente. Trata-se de um imóvel comercial na rua Tobias Barreto, no Alto
da Mooca.
Só nessa rua, Viscome tem 14
imóveis na declaração oficial e um
não declarado. Entre eles, está um
prédio de 28 apartamentos que leva o nome da mulher do vereador,
Leopoldina Pereira Viscome, de
quem ele está separado.
Em outra rua da zona leste, a Siqueira Bueno, ele tem 20 imóveis.
Viscome pode ter vendido esses
11 imóveis, sem fazer o registro do
novo proprietário para evitar o pagamento de impostos -o que
também é irregular.
De engraxate a rei da Mooca
Viscome já disse que foi engraxate, vendedor de limão na feira e lavador de carros e que enriqueceu
vendendo automóveis. "Onde eu
ponho a mão, vira ouro", afirmou
em 1997.
Sua lista de imóveis confirma a
fama de rei Midas da Mooca e
mostra que a política, no seu caso,
foi um péssimo negócio -pelo
menos no aumento do patrimônio
oficial. Em 1992, ano em que se
candidatou pela primeira vez e
acabou como suplente, seu patrimônio já era de R$ 15,79 milhões.
Foi em 1992, o ano que entrou
para a política, que seu patrimônio
cresceu em ritmo menor. O valor
dos seus imóveis aumentou só em
R$ 10.612,23.
Os maiores saltos de seu patrimônio ocorreram nos anos 80. Em
1982, ano em que os bens de Viscome tiveram um crescimento recorde, seu patrimônio imobiliário aumentou R$ 3,07 milhões.
Omissão de bens não seria o primeiro crime eleitoral de Viscome.
Ele já foi condenado duas vezes pelo Tribunal Regional Eleitoral por
usar ambulâncias em período de
campanha eleitoral. Numa delas,
foi condenado a dois anos e quatro
meses de prisão, mas conquistou o
direito de recorrer em liberdade.
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