São Paulo, Quarta-feira, 10 de Março de 1999
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Vereador omitiu bens de sua declaração

MARIO CESAR CARVALHO
da Reportagem Local

O vereador Vicente Viscome (PPB), acusado pela polícia de comandar a máfia da propina na administração regional da Penha (zona leste de São Paulo), omitiu 11 imóveis na declaração de bens que entregou à Câmara em janeiro de 1997.
Omitir informações em documento eleitoral, segundo os artigo 350 do Código Eleitoral, é crime, punido com pena de 3 a 5 anos de prisão e multa.
Oficialmente, Viscome é o vereador mais rico de São Paulo. Sua declaração de bens lista 127 imóveis, e seu patrimônio declarado é de R$ 16,56 milhões.
Mesmo assim, sua lista de bens imobiliários tem omissões. A Folha comparou a declaração oficial de bens, entregue à Câmara e publicada no "Diário Oficial", com levantamento feito em 18 cartórios de registros de imóveis da cidade de São Paulo.
Apareceram 11 imóveis em nome de Vicente Benedicto Viscome que não foram incluídos na declaração oficial (veja no quadro ao lado). Só um dos bens foi comprado após Viscome assumir o cargo na Câmara, em 1994. Antes, era suplente. Trata-se de um imóvel comercial na rua Tobias Barreto, no Alto da Mooca.
Só nessa rua, Viscome tem 14 imóveis na declaração oficial e um não declarado. Entre eles, está um prédio de 28 apartamentos que leva o nome da mulher do vereador, Leopoldina Pereira Viscome, de quem ele está separado.
Em outra rua da zona leste, a Siqueira Bueno, ele tem 20 imóveis.
Viscome pode ter vendido esses 11 imóveis, sem fazer o registro do novo proprietário para evitar o pagamento de impostos -o que também é irregular.

De engraxate a rei da Mooca
Viscome já disse que foi engraxate, vendedor de limão na feira e lavador de carros e que enriqueceu vendendo automóveis. "Onde eu ponho a mão, vira ouro", afirmou em 1997.
Sua lista de imóveis confirma a fama de rei Midas da Mooca e mostra que a política, no seu caso, foi um péssimo negócio -pelo menos no aumento do patrimônio oficial. Em 1992, ano em que se candidatou pela primeira vez e acabou como suplente, seu patrimônio já era de R$ 15,79 milhões.
Foi em 1992, o ano que entrou para a política, que seu patrimônio cresceu em ritmo menor. O valor dos seus imóveis aumentou só em R$ 10.612,23.
Os maiores saltos de seu patrimônio ocorreram nos anos 80. Em 1982, ano em que os bens de Viscome tiveram um crescimento recorde, seu patrimônio imobiliário aumentou R$ 3,07 milhões.
Omissão de bens não seria o primeiro crime eleitoral de Viscome. Ele já foi condenado duas vezes pelo Tribunal Regional Eleitoral por usar ambulâncias em período de campanha eleitoral. Numa delas, foi condenado a dois anos e quatro meses de prisão, mas conquistou o direito de recorrer em liberdade.


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