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TRAGÉDIA
Morte do menino de 6 anos foi presenciada por 3.000 pessoas que estavam no Vostok, em Pernambuco
Garoto é morto por 5 leões em circo
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife
O garoto José Miguel dos Santos
Fonseca Jr., 6, foi atacado e morto
às 19h de ontem por cinco leões
do circo Vostok, que está instalado no estacionamento do shopping center Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco. Cerca de 3.000 pessoas
presenciaram o ataque.
Houve tumulto, e a platéia teve
de ser esvaziada. Segundo José
Miguel dos Santos Fonseca, pai
do menino, o ataque aconteceu
durante o intervalo da apresentação, quando ele, seus dois filhos,
Jr. e Mirela, 3, e outras pessoas foram tirar fotos dos cavalos, em
um cercado fora do picadeiro.
A foto foi autorizada pelo apresentador, que indicou o caminho.
O trajeto, acompanhado por um
funcionário, incluía uma passagem ao lado da jaula dos leões, no
picadeiro. O avanço do leão aconteceu na volta para a platéia.
Um dos cinco leões puxou o
menino das mãos de Fonseca.
"Minha menina viu o irmãozinho
ser arrastado", afirmou o pai.
"O leão colocou as duas patas
para fora da jaula, puxou o menino para dentro, abocanhou a cabeça e balançou o garoto. Aí, os
outros leões o atacaram", disse o
músico Severino Ferreira da Silva,
32,que estava a dois metros de Jr.
A força com que o leão o puxou
chegou a envergar as grades da
jaula. O espaço entre uma barra e
outra é de 10 centímetros. O menino, depois de agarrado, foi arrastado cerca de 30 metros por
um corredor de aço, que termina
em uma caçamba de caminhão
também gradeada.
A Polícia Militar chegou ao local
às 20h, uma hora depois do ataque. Primeiro, tentou afastar os
leões do corpo do menino, dando
tiros para o alto.
Como eles não se afastavam, a
polícia atirou em dois deles, que
acabaram sendo mortos, segundo
o tenente Adriano Freitas. Os outros três leões foram isolados.
"Meu filho foi morto por imprudência. Vou processar o circo.
Não pelo dinheiro, mas pela irresponsabilidade", afirmou Fonseca.
Ele disse que não sabe como contar o fato à sua mulher, que está
grávida de oito meses.
O delegado do distrito de Prazeres, Dorgival do Carmo Accioly,
instaurou inquérito por homicídio culposo.
Às 22h10, houve um tiroteio.
Dois dos três leões que estavam
isolados em um compartimento
dentro da jaula estouraram a grade e voltaram a atacar o corpo.
A polícia interveio e atirou com
revólveres e fuzis contra os animais. Os dois morreram. Houve
correria e um dos policiais ficou
ferido ao tropeçar em uma grade.
Até as 22h30 de ontem, o corpo
do menino, totalmente dilacerado, ainda permanecia dentro da
jaula à espera do IML (Instituto
Médico Legal). A área estava isolada, e cerca de 50 policiais militares estavam no local.
José Nemésio de Sena, perito do
Instituto de Criminalística, constatou que o vão da grade da jaula,
que era de 10 cm, abriu para 16 cm
com a força do leão.
Segundo ele, existem evidências
de supostas falhas de segurança,
como a falta de grade de proteção
perto da jaula do picadeiro.
Ele disse ainda que o túnel que
liga o caminhão à jaula está amarrado com cordas de náilon e deveria ser com barras de ferro.
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