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ADMINISTRAÇÃO
Datafolha indica que apoio à criação de CPI é maior entre moradores mais jovens, mais pobres e menos instruídos
77% querem investigação do lixo em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Pesquisa Datafolha realizada na
semana passada aponta que 77%
dos paulistanos são favoráveis à
convocação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a contratação emergencial de empresas para serviços
complementares de limpeza.
Até os simpatizantes do PT demonstram ser contrários às manifestações da prefeita Marta Suplicy e da bancada de seu partido
na Câmara Municipal. A maioria
dos petistas (79%) defende a instauração de uma investigação.
Logo após sua posse, a prefeita
teve de contratar empresas, sem
licitação, para recolhimento de
entulhos, capinagem de praças e
ruas, entre outras tarefas que haviam sido suspensas por seu antecessor, Celso Pitta (PTN).
A prefeitura decidiu pagar quase R$ 19 milhões a 16 empreiteiras
por três meses de serviço. Dentre
as agraciadas estão, três das principais doadoras de recursos para a
campanha vitoriosa de Marta.
Em março, a Folha revelou que
uma outra companhia, a Tercopav, havia sido constituída um
mês antes de o PT iniciar a consulta de preços. Uma quinta empresa, a Construrban, é de propriedade de um militante petista
que integrou o grupo de estudos
que definiu as linhas do programa
de governo de Marta para o problema do lixo na cidade.
O surgimento desses fatos fez a
oposição ao governo da petista, liderada pelos vereadores do
PSDB, exigir a instalação de uma
CPI na Câmara Municipal. A prefeita chegou a se dizer favorável
em determinado momento. "Estou pagando o mico que não tenho de pagar", afirmou em 17 de
março, ao se referir a supostas irregularidades no setor nas gestões
de Paulo Maluf (1993-1996) e Celso Pitta (1997-2000).
A bancada do PT se dividiu
quanto à investigação (no governo Pitta, o partido foi ardoroso
defensor dos contratos do lixo).
Mas a articulação dos líderes governistas conseguiu barrar a apuração desejada pelos tucanos.
Por fim, a própria Marta se opôs
à CPI. Em 21 de março, ela disse
que o objetivo da oposição "era
colocar fumaça em coisas graves
que estão acontecendo no Congresso Nacional", numa referência à troca de acusações de irregularidades entre os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA)
e Jáder Barbalho (PMDB-PA).
Para dar provas ao público de
que não há falhas no processo de
contratação das 16 empreiteiras, a
petista solicitou ao Ministério Público a conferência de toda a documentação do negócio.
A divulgação dessa polêmica
ainda não atingiu a maioria da
população adulta da capital paulista. Dos 1.538 entrevistados pelo
Datafolha no último dia 3, 49%
declararam ter conhecimento do
debate. Os demais 51% disseram
que não sabiam do assunto.
Nesse ponto, a pesquisa mostra
um movimento curioso da formação da opinião dos eleitores. O
maior grau de desinformação
ocorre entre os mais jovens, os de
menor renda e os de menor escolaridade. São eles, no entanto, os
maiores defensores da CPI.
O líder da prefeita na Câmara,
José Mentor (PT), explica a posição do seu partido sobre o assunto. Segundo ele, "não há um fato
determinante que justifique a
criação da comissão".
"A própria pesquisa revela que a
população não acredita que há
corrupção na administração",
afirmou o vereador ao se referir
aos 47% dos entrevistados que
consideram ter visto Marta Suplicy agir contra a corrupção na
administração municipal.
O líder da prefeita na Câmara
Municipal disse ainda que,
"quando há fatos, o PT vota a favor da criação de uma CPI".
Os eleitores paulistanos tendem
a achar que o governo Marta é honesto. Segundo o Datafolha, 42%
disseram que não existem casos
de corrupção nesta administração. Em 2000, último ano de Celso
Pitta na prefeitura, 94% consideravam que o desvio de dinheiro
público era uma marca daquela
gestão. Um ano antes, essa taxa
era um ponto percentual acima.
A desconfiança em relação à lisura do governo do PT é maior
entre os entrevistados que têm
mais escolaridade (47% dos que
têm o nível superior) e entre os
que têm renda familiar superior a
20 salários mínimos (44%).
A pesquisa demonstrou, ainda,
que para 49% dos entrevistados a
corrupção na administração municipal diminuiu em relação à
gestão de Pitta. Outros 41% consideraram que ficou igual. Dos
1.538 entrevistados, 7% não tinham opinião sobre o assunto.
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