da Reportagem Local

O ex-administrador da Regional da Sé João Bento dos Santos Filho voltou a negar ontem sua participação em um esquema de propinas durante depoimento à CPI da máfia e levantou suspeitas sobre a administração da ex-prefeita Luiza Erundina (PSB).
Bento é acusado por ex-subordinados, hoje presos, de ser o destinatário de propina arrecadada entre camelôs e de estar envolvido em esquema de corrupção com empresas de coleta de lixo.
Ele entregou à comissão um dossiê com 70 páginas, a maior parte delas com autorizações dadas por funcionários da Regional da Sé, na época, para camelôs trabalharem sem licença em pontos da região central da cidade.
No dossiê, também há pedidos de liberação de mercadorias apreendidas sem a cobrança de taxas. Parte dos pedidos argumenta que as apreensões foram feitas irregularmente. Os pedidos são assinados, por exemplo, pelo administrador da Regional da Sé na gestão Erundina, Vicente Trevas.
Trevas diz que as autorizações tinham o objetivo de permitir o trabalho de camelôs enquanto o processo para permissão não era concluído. Sobre a liberações de mercadorias, Trevas disse que o pedido de liberação sem taxas era feito quando se constatavam irregularidades na apreensão.
Bento não levantou dúvida sobre a possibilidade de pedidos de propina terem sido feitos para que as autorizações provisórias fossem dadas. "Não posso comprovar porque nunca trabalhei no setor de ambulantes", disse.
Ele entrou em contradição ao explicar a origem da documentação. Disse que não tinha conhecimento do dossiê até que um envelope foi jogado em sua casa, anteontem.
O presidente da CPI, José Eduardo Cardozo (PT), no entanto, apresentou cópia de um dos documentos, entregue por Bento ao delegado Romeu Tuma Júnior. Bento não soube explicar sua origem.

Viscome
Os advogados do vereador Vicente Viscome (sem partido), acusado de liderar um esquema de corrupção na Regional da Penha, apresentaram ontem duas testemunhas de defesa. Mas nenhum depoimento serviu para mudar o rumo das investigações.


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