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Secretário da Energia contesta conclusão da Aneel
EDMILSON ZANETTI
da Agência Folha, em Bauru
O secretário da Energia de São Paulo, Mauro Arce, disse ontem que a Cesp "não aceita a culpa imposta" pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) pelo blecaute de 11 de março último.
Segundo o secretário, o religamento do sistema "foi feito de acordo com as normas estabelecidas pelo GCOI e a ONS".
Ele contestou a acusação de que houve demora no restabelecimento do sistema. "Entre o primeiro e o último desligamento foram 22 segundos; não dava nem para dizer amém", afirmou.
Para o secretário, "se fosse para esperar do jeito que eles colocam no relatório, talvez não estivéssemos discutindo as causas, porque a energia não teria voltado ainda", disse.
Arce afirmou que a Cesp registra uma média anual de 150 desligamentos de linhas de transmissão de energia provocados por raios.
"Não há como você responsabilizar, pois não é para acontecer uma coisa num lugar e cair o sistema todo", disse.
Segundo o secretário, outros fatores precisam ser analisados. "Precisa ver as condições do sistema. Naquela hora, 67% da energia estava sendo gerada na Cesp e em Itaipu. Saiu a Cesp e, em seguida, saiu Itaipu, e não há esquema de alívio de carga que suporte."
Arce afirmou que o mais importante é que os consumidores que tiveram prejuízos por causa da ocorrência sejam ressarcidos.
O secretário disse ainda que recebeu o relatório da Aneel no início da noite de ontem e que vai estudá-lo antes de contestar oficialmente a acusação.
Diagnóstico por exclusão
O secretário disse que a Cesp
-pela qual é responsável- não
tem como provar tecnicamente a
ocorrência do raio em Bauru.
Segundo ele, o diagnóstico que
levou à essa conclusão foi feito por
"exclusão" de possibilidades. "A
probabilidade de descarga atmosférica é baixa, mas só pode ter sido
isso, não há outra possibilidade."
Fatores internos, como uma manobra do sistema ou sabotagem,
não foram registrados.
O secretário também contestou a
afirmação do professor de automação de sistemas elétricos da
USP, José Antonio Jardini, de que a
própria tensão operativa da subestação pode ter provocado o curto-circuito se algum equipamento estivesse deteriorado e com sua capacidade isolante reduzida.
Jardini levantou essa hipótese
depois de saber que o relatório da
Coppe/UFRJ (Coordenação de
Programas de Pós-Graduação em
Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) mostra que
não houve raios sobre a subestação, mas a alguns quilômetros dali.
"Para chegar à subestação com
força, o raio deveria ter caído a até
500 metros", disse Jardini.
Arce disse que essa hipótese não
é possível porque, caso contrário,
esse defeito teria ocorrido durante
alguma manobra de operação da
subestação, quando o sistema é colocado sob grande tensão.
Ele também negou que algum
equipamento que deveria "barrar"
o raio não tenha funcionado. No
entanto, a "perícia" realizada pela
Cesp se baseou apenas em tirar um
pára-raios e um isolador de pedestal para levar a um laboratório para ser testado. "Foi um teste por
amostragem", disse Arce.
Só que a subestação tem centenas de outros aparelhos não testados. "O ideal seria testar todos,
mas é impossível, pois teríamos de
desligar a subestação", disse.
Colaborou a Reportagem Local
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