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URBANISMO
Prefeituras vão emitir títulos de posse para moradores de terrenos de marinha; primeiro convênio será com o Rio
Favela em área da União será regularizada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os ministérios das Cidades e do
Planejamento anunciaram ontem
o início da regularização de favelas construídas em áreas de propriedade da União, principalmente em terrenos de marinha
-aqueles localizados em costas e
às margens de rios e lagoas.
No próximo dia 15, quinta-feira,
os dois ministérios assinam convênio com a Prefeitura do Rio para regularizar a favela Parque Royal (Ilha do Governador), onde
moram 1.586 famílias.
Pelo convênio, a União cede
gratuitamente a área para a Prefeitura do Rio, que se compromete a cadastrar os moradores e providenciar a emissão de títulos de
propriedade dos terrenos em nome dos ocupantes.
O convênio vai fixar o prazo
máximo de cinco anos para a prefeitura concluir seu trabalho, do
contrário a cessão da área é cancelada. Os ministérios, entretanto,
acreditam que a regularização se
dará em menos de um ano.
A secretária nacional de Programas Urbanos do Ministério das
Cidades, Raquel Rolnik, e o secretário do Patrimônio da União do
Ministério do Planejamento, Pedro Celso, afirmaram que milhões de famílias de baixa renda
que hoje ocupam ilegalmente
áreas de propriedade do governo
federal serão beneficiadas nos
próximos anos.
Os dois assessores disseram que
o atual governo não pretende fazer nenhuma mudança nas leis já
existentes, como o Estatuto das
Cidades, apenas colocá-las em
prática -o que governo FHC não
fazia por falta de interesse, segundo avaliação de Celso e Rolnik.
Prefeituras farão cadastro
A principal exigência do governo federal para a regularização de
uma invasão de área da União é
que a favela esteja urbanizada ou
em processo de urbanização. Por
enquanto esse trabalho está a cargo das prefeituras, mas Rolnik
disse esperar que o Ministério das
Cidades tenha verbas para essa finalidade a partir do ano que vem.
Os secretários afirmaram que
foi descartada a idéia lançada no
início deste ano pelo Ministério
da Justiça, de que as associações
de moradores -e não as prefeituras- ficassem responsáveis pelo cadastramento de moradores.
"Nós agradecemos a boa vontade de assessores do Ministério da
Justiça, mas esse assunto é da responsabilidade dos ministérios das
Cidades e do Planejamento", afirmou Pedro Celso, lembrando que
muitas associações de moradores
dos morros do Rio são controladas por traficantes.
Depois do Parque Royal, está
prevista a regularização de outras
12 favelas no Rio, com mais de
6.000 moradores.
Estão sendo mantidos entendimentos com outras prefeituras,
entre elas a de Recife (dirigida pelo PT), onde há uma lista de oito
favelas com possibilidade de regularização, entre elas Caranguejo, Comunidade do Pilar, Entra
Apulso e Jardim Uchôa.
Os terrenos de marinha não podem ser doados. Por isso, a União
está disposta a ceder de graça o
aforamento, que é um direito real
alienável e transmissível aos herdeiros e que confere a alguém o
pleno gozo do imóvel mediante a
obrigação de não deteriorá-lo e de
pagar uma taxa anual.
(WILSON SILVEIRA)
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