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INVERNO
A população de rua da capital paulista é maior do que o número de leitos oferecido pelas entidades assistenciais
Frio revela déficit de vagas em albergue
DO "AGORA"
A Operação Inverno da Prefeitura de São Paulo terá de criar cerca de 3.000 vagas em albergues,
em diversas regiões da cidade, para acomodar os 10.394 moradores
de rua em diversas regiões da cidade. Atualmente, são oferecidos
7.336 leitos na capital.
A estação mais fria do ano começa em 21 de junho, mas, das casas visitadas que prestam o serviço, apenas uma não trabalhava
com a sua lotação no limite.
O "Agora" esteve em seis albergues e constatou que, com poucas
exceções, a acolhida é boa, com
cama, comida, banho, lençol e cobertores limpos. São oferecidos
também cursos e oficinas profissionalizantes. Na maior parte deles, porém, falta um programa
adequado para o aumento de demanda do inverno.
Leitos disponíveis
Todos têm parcerias com entidades. Às vezes, eles são obrigados a negar vagas para até dez
pessoas por dia.
Por enquanto, 34 entidades
-33 ligadas à administração municipal e uma conveniada com o
governo estadual- mantêm em
atividade 6.186 leitos. O Estado
oferece mais 1.150.
Dos albergues avaliados, só o
Projeto Oficina Boracea, na Barra
Funda (zona oeste) -considerado um dos dois modelos para o
atendimento dos sem-teto, juntamente com o Arsenal da Esperança (centro)- esquematizou um
plano para quando o frio chegar:
as vagas devem passar das atuais
450 para 690. Nos outros, dois não
aumentarão leitos e dois vão improvisar com colchões.
"Vamos colocar dez colchões na
sala de TV", disse Maria Rosário
Maiorali, 58, coordenadora do
único albergue de do bairro de
Santana, o Projeto Casa-Abrigo
São Francisco de Assis.
Em alguns casos, as acomodações visitadas pelo "Agora" não
eram apropriadas. No Solidariedade-Abecal, no Jabaquara (zona
sul), por exemplo, há diversos beliches, tipo de cama que não é indicado para idosos.
O Projeto Oficina Boracea e o
Arsenal da Esperança -único ligado ao governo estadual- contam com serviços nas áreas de
saúde, capacitação profissional,
lazer e de assistência social.
Os outros projetos são menos
luxuosos e funcionam em casas
alugadas ou em galpões antigos. A
verba é repassada pela prefeitura
e varia de R$ 170 a R$ 200 por desabrigado. Na maioria, é padrão
oferecer café da manhã, almoço,
cama, banho e jantar.
Perfil
O morador de rua de São Paulo
costuma ter as seguintes características: de 26 a 40 anos, ocupa as
áreas comerciais da cidade, é homem, negro, sozinho e com baixa
escolaridade. O perfil da população foi traçado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), em pesquisa encomendada pela Secretaria Municipal da
Assistência Social.
A pesquisa da Fipe também traçou o perfil moradores de rua
usuários de albergues. Os homens
brancos, sozinhos e entre 41 e 55
anos são os que mais usam o serviço. Os animais são companhia
de 15% dos desabrigados.
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