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Jovem está menos vulnerável ao crime
Segundo índices da Fundação Seade, risco de envolvimento com crime caiu em toda a cidade de SP, mas ainda é alto nas regiões pobres
Queda foi de 70 pontos em 2000 para 51 em 2005 (de 0 a 100); índice reúne dados sobre educação, gravidez precoce e homicídios
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O jovem está menos vulnerável à criminalidade em toda a
cidade de São Paulo do que
anos atrás, segundo índices sociais reunidos pela Fundação
Seade. Nas áreas pobres e periféricas, porém, o risco de envolvimento com o crime continua
alto. A possibilidade de um jovem se tornar criminoso é duas
vezes e meia superior do que
nas áreas ricas.
Segundo um índice de vulnerabilidade divulgado ontem pela Fundação Seade, quase 300
mil jovens de 15 a 19 anos na cidade residem em áreas pobres e
estão expostos a situações cotidianas que podem levar à delinqüência -o que não quer dizer
que o jovem vai ceder ao crime,
mas apenas que o risco é maior.
Eles são 35% de toda a população de jovens nessa faixa etária
na capital -mais de 850 mil. Os
dados são de 2005.
A fundação criou o IVJ (Índice de Vulnerabilidade Juvenil)
a partir da reunião de dados sobre homicídios, gravidez na
adolescência, evasão escolar e
freqüência de adolescentes no
ensino médio. É a segunda vez
que o índice é calculado -a primeira foi em 2002, com dados
de 2000.
Na comparação entre 2000 e
2005, o resultado foi a diminuição do risco de envolvimento
dos jovens com o crime em todas as áreas da capital.
Na pontuação criada pela
fundação, de 0 a 100 (quanto
maior o número, maior a vulnerabilidade do jovem ao crime e
vice-versa), a cidade caiu de 70
pontos em 2000 para 51 pontos
em 2005. Saiu de uma faixa de
vulnerabilidade muito alta para
um nível médio.
Maior queda
Foi nas áreas pobres da cidade, no entanto, que esse índice
registrou a maior queda. Caiu
de 88 pontos para 64.
A redução dos homicídios
nessa faixa etária e o maior
acesso dos jovens ao ensino
médio são usados pela fundação para explicar a melhora no
índice de vulnerabilidade nas
regiões de pobreza.
Mesmo assim, o IVJ continua alto, segundo classificação
da vulnerabilidade calculada
pela Fundação Seade.
As disparidades entre as
áreas pobres e ricas permanecem muito altas, principalmente entre os indicadores de violência e maternidade precoce.
Nas áreas ricas, o coeficiente
de homicídios entre jovens de
15 a 19 anos é de 57 casos por
100 mil habitantes. Nas regiões
pobres, salta para 189 homicídios por 100 mil moradores.
Se nas áreas ricas de São Paulo, 19 jovens, a cada grupo de
1.000, tiveram filhos entre 14 e
17 anos, esse mesmo índice sobe para 41 jovens nas regiões
pobres da cidade.
Prioridades
"Esse índice serve como indicador de políticas públicas, para definir ações prioritárias",
afirma Felícia Reicher Madeira, diretora-executiva da Fundação Seade.
É a primeira vez que a fundação incluiu a freqüência no ensino médio de jovens de 15 a 17
anos na elaboração de um indicador de vulnerabilidade.
Foi ele, entre os quatro indicadores, o principal responsável pela melhora no IVJ. A pesquisa, no entanto, não avalia a
qualidade do ensino.
"É claro que o ensino, nos últimos anos, está ruim e as taxas
de evasão ainda são muito altas.
Mas a presença do jovem na escola contribuiu para diminuir o
risco de envolvimento com o
crime", disse Felícia.
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