São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Jovem está menos vulnerável ao crime

Segundo índices da Fundação Seade, risco de envolvimento com crime caiu em toda a cidade de SP, mas ainda é alto nas regiões pobres

Queda foi de 70 pontos em 2000 para 51 em 2005 (de 0 a 100); índice reúne dados sobre educação, gravidez precoce e homicídios

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O jovem está menos vulnerável à criminalidade em toda a cidade de São Paulo do que anos atrás, segundo índices sociais reunidos pela Fundação Seade. Nas áreas pobres e periféricas, porém, o risco de envolvimento com o crime continua alto. A possibilidade de um jovem se tornar criminoso é duas vezes e meia superior do que nas áreas ricas.
Segundo um índice de vulnerabilidade divulgado ontem pela Fundação Seade, quase 300 mil jovens de 15 a 19 anos na cidade residem em áreas pobres e estão expostos a situações cotidianas que podem levar à delinqüência -o que não quer dizer que o jovem vai ceder ao crime, mas apenas que o risco é maior. Eles são 35% de toda a população de jovens nessa faixa etária na capital -mais de 850 mil. Os dados são de 2005.
A fundação criou o IVJ (Índice de Vulnerabilidade Juvenil) a partir da reunião de dados sobre homicídios, gravidez na adolescência, evasão escolar e freqüência de adolescentes no ensino médio. É a segunda vez que o índice é calculado -a primeira foi em 2002, com dados de 2000.
Na comparação entre 2000 e 2005, o resultado foi a diminuição do risco de envolvimento dos jovens com o crime em todas as áreas da capital.
Na pontuação criada pela fundação, de 0 a 100 (quanto maior o número, maior a vulnerabilidade do jovem ao crime e vice-versa), a cidade caiu de 70 pontos em 2000 para 51 pontos em 2005. Saiu de uma faixa de vulnerabilidade muito alta para um nível médio.

Maior queda
Foi nas áreas pobres da cidade, no entanto, que esse índice registrou a maior queda. Caiu de 88 pontos para 64.
A redução dos homicídios nessa faixa etária e o maior acesso dos jovens ao ensino médio são usados pela fundação para explicar a melhora no índice de vulnerabilidade nas regiões de pobreza.
Mesmo assim, o IVJ continua alto, segundo classificação da vulnerabilidade calculada pela Fundação Seade.
As disparidades entre as áreas pobres e ricas permanecem muito altas, principalmente entre os indicadores de violência e maternidade precoce.
Nas áreas ricas, o coeficiente de homicídios entre jovens de 15 a 19 anos é de 57 casos por 100 mil habitantes. Nas regiões pobres, salta para 189 homicídios por 100 mil moradores.
Se nas áreas ricas de São Paulo, 19 jovens, a cada grupo de 1.000, tiveram filhos entre 14 e 17 anos, esse mesmo índice sobe para 41 jovens nas regiões pobres da cidade.

Prioridades
"Esse índice serve como indicador de políticas públicas, para definir ações prioritárias", afirma Felícia Reicher Madeira, diretora-executiva da Fundação Seade.
É a primeira vez que a fundação incluiu a freqüência no ensino médio de jovens de 15 a 17 anos na elaboração de um indicador de vulnerabilidade.
Foi ele, entre os quatro indicadores, o principal responsável pela melhora no IVJ. A pesquisa, no entanto, não avalia a qualidade do ensino.
"É claro que o ensino, nos últimos anos, está ruim e as taxas de evasão ainda são muito altas. Mas a presença do jovem na escola contribuiu para diminuir o risco de envolvimento com o crime", disse Felícia.


Texto Anterior: Câmara promulga pacote de benesses a vereador de SP
Próximo Texto: Educação foi o principal fator positivo, diz Seade
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.