São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2007

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Apenas 6 foram condenados por ataques

91 suspeitos foram indiciados pelo Ministério Público em razão da primeira série de atentados promovidos pelo PCC

Entre 12 e 19 de maio de 2006, 493 pessoas foram mortas em SP; a Promotoria acompanhou 243 e ofereceu oito denúncias à Justiça

André Porto - 14.mai.2006/Folha Imagem
Policiais fazem ronda na estrada de Itapecerica da Serra (Grande São Paulo) após onda de ataques do PCC, em maio do ano passado


ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Rodrigo César Rebello Pinho, divulgou ontem estudo sobre as acusações feitas pelo Ministério Público à Justiça contra integrantes da facção criminosa PCC e revelou que 91 pessoas foram denunciadas e seis, condenadas pelos crimes de maio de 2006.
Na época da primeira onda de ataques (12 e 19 de maio), mais de 120 pessoas foram presas, suspeitas de participar de 373 ataques da facção.
Segundo o Ministério Público, entre as 91 pessoas, acusadas por meio de 15 denúncias, há criminosos que agiram de dentro dos presídios, caso de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, considerado o chefe da facção.
Os ataques, que completam um ano sábado, consistiram na maior onda de violência já vivida pela segurança no Estado.
Enquanto só seis pessoas (6,59%) foram condenadas pelos crimes de maio, o número de absolvidos até agora chega a oito (8,79%). Em outros seis casos, a denúncia feita pela Promotoria ainda continua sob análise da Justiça.

Sobre as 493 mortes
Dos 493 homicídios dolosos (intencionais) constatados pelo CRM (Conselho Regional de Medicina) de São Paulo, ocorridos no Estado entre 12 e 19 de maio, 243 foram acompanhados de perto pelo órgão.
Segundo Pinho e o promotor Neudival Mascarenhas Filho, o Ministério Público descartou os casos em que já se sabiam ou autores e que não tinham ligação com os atentados.
Desses 243 casos, a Promotoria só havia conseguido encaminhar à Justiça denúncia por homicídios dolosos cometidos durante os ataques em oito casos -sete deles de integrantes das forças de segurança (PM, policial civil e guarda metropolitano) e apenas um referente à morte de um civil.
"Nas mortes ocorridas nesse período, notou-se um maior empenho na apuração de crimes cometidos contra policiais", disse Pinho. "A grande dificuldade em relação às mortes, principalmente de civis, é a ausência de testemunhas", completou o promotor.
Ainda sobre as 243 mortes selecionadas pela Promotoria: 57 estão com os inquéritos abertos, 19 foram arquivados e 15 foram relatados, além das oito denúncias. Do total de 243, 144 (59,26%) não foram analisadas até agora pelo órgão.

Outros crimes do PCC
O estudo do Ministério Público foi realizado pela AGI (Assessoria de Gestão de Informações), o setor de inteligência do órgão, e também mostra que, desde maio do ano passado, 68 procedimentos criminais foram realizados contra pessoas relacionadas com o PCC que cometeram outros crimes -tráfico, roubo etc.
Desses 68 procedimentos, 52 ainda estão em andamento; dois não tiveram as denúncias recebidas pela Justiça; um resultou em absolvição dos acusados; oito tiveram condenação; três tiveram tanto absolvição quanto condenação de réus (um procedimento pode envolver um ou mais acusados) e outros dois estão em andamento e já tiveram absolvições.
Um total de 297 pessoas foram acusadas de ligação com o PCC nesses 68 procedimentos. Só 17 (5,72%) delas foram condenadas pela Justiça e 13 (4,38%) foram absolvidas das acusações.
Quatro tiveram as ações criminais suspensas; 31 ainda têm a ação pendente na Justiça e uma pessoa morreu. Outras 231 pessoas seguem respondendo aos processos.


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