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Em 1 ano, frota de SP recebe 500 mil carros
Se enfileirados, novos veículos cobririam distância semelhante à de São Paulo a Cuiabá; vendas foram recorde em 2008
Engenheiro de tráfego da USP afirma que lentidão deverá se espalhar para vias da cidade que antes não tinham congestionamentos
JAMES CIMINO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em fevereiro de 2008, a frota
paulistana chegava a 6 milhões
de carros. À época, especialistas
diziam que a solução seria cobrar
pedágio urbano e que a cidade
iria parar. Não parou. Nem a cidade nem a frota.
Um ano e dois meses depois, já
cresceu em quase meio milhão
de carros, motocicletas, caminhões, ônibus e similares.
Se enfileirados, esses veículos
encheriam uma rodovia de aproximadamente 1.500 km, quase a
distância entre São Paulo e Cuiabá (MT).
Os números são do Detran-SP,
que em fevereiro registrava exatos 6.421.125 veículos (sem contar os de locadores, com placa de
outras cidades).
Já a Fenabrave (Federação
Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) forneceu à
Folha números de emplacamentos em São Paulo equivalentes ao
mês de março.
Foram 37.161. Mantido o ritmo
em abril, a frota deve ter ultrapassado 6,5 milhões, maior crescimento anual desde 1998.
Além disso, segundo a Anfavea
(Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), em julho de 2008 foram
vendidos 288 mil veículos e, em
março deste ano, 271 mil (maiores marcas até hoje).
Parte do crescimento se deve a
incentivos fiscais, como a redução no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que a
União deu ao setor para evitar a
quebra da indústria automobilística por causa da crise.
Enquanto o governo ajuda a
economia, porém, São Paulo e
outras cidades sofrem com engarrafamentos, diz Jaime Waisman, professor de engenharia de
transportes da USP.
"A cidade não vai parar, nem os
engarrafamentos vão aumentar
de tamanho, porque não há espaço para isso."
Waisman diz não ser possível
precisar quantos quilômetros de
engarrafamentos a cidade ganhou porque não se sabe a distribuição espacial desses carros pela cidade. Mas haverá prejuízo ao
motorista, diz.
"Carros vão andar mais devagar. O motorista vai querer desviar por ruas que não tinham
grande fluxo, e a lentidão poderá
chegar a áreas que não tinham
esse problema", afirma.
Waisman diz que o princípio
da solução está nos investimentos em transporte público.
"A partir de 2010, mesmo com
a venda de carros, o sistema talvez pare de piorar, já que serão
inaugurados o trecho sul do Rodoanel e a linha 4 do metrô. O
problema é convencer o cidadão
a não usar o carro."
Cobertura parcial
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) diz que, apesar do aumento da frota, não foi
registrado aumento de congestionamentos no ano passado.
O recorde de lentidão no trânsito foi há exatamente um ano,
em 9 de maio (266 km).
De acordo com a companhia,
os índices de lentidão diminuíram graças a medidas como restrição à circulação de caminhões
e à redução de estacionamentos
em vias de regiões como Jardins
e rua Augusta.
A área monitorada pela CET
abrange cerca de 800 km. Vias de
tráfego intenso, como Vergueiro
e alameda Santos, por exemplo,
não são monitoradas.
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