São Paulo, domingo, 10 de maio de 2009

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Ministro Carlos Minc defende usuário de maconha em marcha na zona sul do Rio

FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO

Enquanto entoavam, em coro, "ei, polícia, maconha é uma delícia", cerca de 1.500 manifestantes marcharam cerca de dois quilômetros, na tarde de ontem, do posto 9, em Ipanema, até o Arpoador, na zona sul do Rio, para defender a legalização do uso de maconha no Brasil.
Cerca de 20 policiais acompanharam o ato, que transcorreu sem incidentes, embora tenha fechado três faixas da avenida Vieira Souto.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, estava entre os militantes e foi muito aplaudido após um discurso em que afirmou que "usuário [de maconha] não pode ser tratado como criminoso" e que a proibição só gera mais violência, pois os traficantes "aterrorizam" comunidades.
"A lei atual despenalizou mas não descriminalizou. Ainda é crime [fumar maconha], e eu acho que nós deveríamos avançar", disse.
Um grupo musical intitulado Orquestra Vegetal tocou músicas que se referem à maconha, como "Malandragem, Dá um Tempo", de Bezerra da Silva, cuja letra anuncia "vou apertar, mas não vou acender agora", além de várias canções de Raul Seixas.
"Se soubesse, teria trazido um baseado", afirmou o estudante Miguel Alvares, 21, que disse ter ido à praia sem saber da manifestação. "Mas, ao ver o movimento, aderi na hora."
Apesar do apoio à legalização, ninguém consumiu drogas durante o ato, cuja realização foi garantida por uma ordem judicial.
"Como em outras cidades a manifestação foi proibida pela Justiça, tomamos a iniciativa de pedir um habeas corpus preventivo que garantisse a realização do evento e que nenhum participante seria preso por participar do ato", afirmou o advogado André Barros, um dos organizadores da marcha e um dos responsáveis pela medida judicial.
A manifestação deveria ocorrer em cerca de 300 municípios -cada um definiria a melhor data, entre 2 e 9 de maio. Mas em algumas cidades, como São Paulo e Salvador, a Justiça proibiu o ato.
"Temos direito de manifestar nossa posição. Claro que isso não significa que podemos usar maconha aqui, e por isso recomendamos aos participantes que ninguém use", afirmou Barros.


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