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PESQUISA
Mais alunos concluem o ensino fundamental
Aumenta escolaridade no interior paulista
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local
Aumentou a eficiência do ensino
no interior de São Paulo entre 1994
e 1998. Mais alunos estão frequentando e conseguindo concluir o
fundamental (equivalente às oito
séries do antigo 1º grau). O mesmo
ocorre no ensino médio (antigas
três séries do 2º grau).
Embora continue alto, o atraso
escolar diminuiu. Ou seja, menos
jovens estão cursando séries que
não são compatíveis com a sua idade. Como resultado, a escolaridade
média do interior paulista melhorou de 6,8 para 7,1 anos de estudo.
É o que mostra a Pesquisa de
Condições de Vida (PCV) feita no
ano passado pela Fundação Seade
(Serviço Estadual de Análise de
Dados). Ainda não há estatísticas
disponíveis para a Grande São
Paulo.
O percentual de jovens de 15 a 17
anos que abandonaram ou nunca
frequentaram o ensino fundamental caiu de 21% para 13%. Já aqueles que concluíram o curso passaram de 41% para 57%.
Segundo a socióloga Lilia Belluzzo, analista do Seade, foram dois os
motivos para esse aumento de eficiência. De um lado, houve a implantação da nova sistemática de
progressão continuada.
Esse sistema cria dois ciclos, da 1ª
à 4ª séries e da 5ª à 8ª, dentro dos
quais os alunos não são reprovados. Os que têm desempenho insuficiente são encaminhados para
atividades de recuperação.
A idéia é que, sem o desestímulo
da reprovação, os alunos mantenham-se estudando até a conclusão do curso. Segundo a PCV, a
principal causa do abandono dos
alunos mais jovens (7 a 24 anos) é
justamente a falta de interesse
(provavelmente por terem sido reprovados).
Os dados mostram que a premissa está se confirmando.
Por outro lado, afirma Belluzzo,
os programas de aceleração também devem ter ajudado. Esse método permite ao aluno que mostre
suficiente domínio do conteúdo
saltar para uma série mais avançada e compatível com sua idade.
O resultado está demonstrado na
PCV. De 62% em 1994, subiu para
70% em 1998 o percentual de alunos do ensino fundamental que estão de acordo com sua faixa etária
(7 anos na 1ª série, 11 anos na 5ª série e assim por diante).
Aqueles com três ou mais anos
de atraso, por exemplo, caíram de
15% para 10% do total de alunos do
ensino fundamental. A melhora
ocorreu tanto na rede pública
quanto na rede privada.
A pesquisa, entretanto, não tem
elementos para avaliar se à maior
eficiência corresponde também
um aumento da qualidade do ensino. Não há informações sobre o
grau de conhecimento adquirido
pelos alunos ao final do curso.
Essa questão torna-se ainda mais
relevante à medida que a diminuição do atraso escolar provocará
uma pressão maior dos alunos que
se formam no fundamental por vagas no ensino médio. E dos formandos desse curso sobre o ensino
superior. A essa demanda crescente, lembra Belluzzo, se somará
uma mudança de perfil dos candidatos ao antigo 2º grau e à faculdade. Sem a "seletividade" provocada pela repetência "haverá mais
heterogeneidade, maiores desníveis entre os alunos", diz.
Sem qualificação escolar é cada
vez mais difícil arrumar trabalho: a
PCV mostra que, dos empregadores do interior, 21% exigem no mínimo 1º grau completo do candidato, outros 21% demandam 2º
grau, e 11%, nível superior.
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