São Paulo, Segunda-feira, 10 de Maio de 1999
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Mais alunos concluem o ensino fundamental
Aumenta escolaridade no interior paulista

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local

Aumentou a eficiência do ensino no interior de São Paulo entre 1994 e 1998. Mais alunos estão frequentando e conseguindo concluir o fundamental (equivalente às oito séries do antigo 1º grau). O mesmo ocorre no ensino médio (antigas três séries do 2º grau).
Embora continue alto, o atraso escolar diminuiu. Ou seja, menos jovens estão cursando séries que não são compatíveis com a sua idade. Como resultado, a escolaridade média do interior paulista melhorou de 6,8 para 7,1 anos de estudo.
É o que mostra a Pesquisa de Condições de Vida (PCV) feita no ano passado pela Fundação Seade (Serviço Estadual de Análise de Dados). Ainda não há estatísticas disponíveis para a Grande São Paulo.
O percentual de jovens de 15 a 17 anos que abandonaram ou nunca frequentaram o ensino fundamental caiu de 21% para 13%. Já aqueles que concluíram o curso passaram de 41% para 57%.
Segundo a socióloga Lilia Belluzzo, analista do Seade, foram dois os motivos para esse aumento de eficiência. De um lado, houve a implantação da nova sistemática de progressão continuada.
Esse sistema cria dois ciclos, da 1ª à 4ª séries e da 5ª à 8ª, dentro dos quais os alunos não são reprovados. Os que têm desempenho insuficiente são encaminhados para atividades de recuperação.
A idéia é que, sem o desestímulo da reprovação, os alunos mantenham-se estudando até a conclusão do curso. Segundo a PCV, a principal causa do abandono dos alunos mais jovens (7 a 24 anos) é justamente a falta de interesse (provavelmente por terem sido reprovados).
Os dados mostram que a premissa está se confirmando.
Por outro lado, afirma Belluzzo, os programas de aceleração também devem ter ajudado. Esse método permite ao aluno que mostre suficiente domínio do conteúdo saltar para uma série mais avançada e compatível com sua idade.
O resultado está demonstrado na PCV. De 62% em 1994, subiu para 70% em 1998 o percentual de alunos do ensino fundamental que estão de acordo com sua faixa etária (7 anos na 1ª série, 11 anos na 5ª série e assim por diante).
Aqueles com três ou mais anos de atraso, por exemplo, caíram de 15% para 10% do total de alunos do ensino fundamental. A melhora ocorreu tanto na rede pública quanto na rede privada.
A pesquisa, entretanto, não tem elementos para avaliar se à maior eficiência corresponde também um aumento da qualidade do ensino. Não há informações sobre o grau de conhecimento adquirido pelos alunos ao final do curso.
Essa questão torna-se ainda mais relevante à medida que a diminuição do atraso escolar provocará uma pressão maior dos alunos que se formam no fundamental por vagas no ensino médio. E dos formandos desse curso sobre o ensino superior. A essa demanda crescente, lembra Belluzzo, se somará uma mudança de perfil dos candidatos ao antigo 2º grau e à faculdade. Sem a "seletividade" provocada pela repetência "haverá mais heterogeneidade, maiores desníveis entre os alunos", diz.
Sem qualificação escolar é cada vez mais difícil arrumar trabalho: a PCV mostra que, dos empregadores do interior, 21% exigem no mínimo 1º grau completo do candidato, outros 21% demandam 2º grau, e 11%, nível superior.


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