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Primeiro aviso do laboratório Enila sobre as suspeitas a respeito de lote do Celobar veio a público no dia 26
Clínica goiana alertou empresa no dia 22
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A clínica radiológica Multimagem, de Goiânia, informou o laboratório Enila sobre problemas
com o lote 3040068 do Celobar no
dia 22 de maio. Mas o laboratório
não comunicou a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que poderia soltar um alerta
nacional sobre o problema.
O Enila só tornou pública a suspeita sobre o lote no dia 26 de
maio, por meio de um pequeno
anúncio no jornal "O Globo". Falava em risco de vômito e diarréia.
Ontem, em depoimento à polícia do Rio, o diretor-presidente
do laboratório Enila, Márcio D'Icarahy, culpou um químico da
empresa pela contaminação do
contraste, usado para destacar órgãos em exames de imagem.
Segundo D'Icarahy, o químico
não teria lavado direito os equipamentos depois de mexer com a
substância tóxica carbonato de
bário. O funcionário teria sido demitido no dia 23 -ou seja, três
dias antes da divulgação.
No dia 21, um paciente da clínica Multimagem passou mal após
tomar o contraste Celobar para
um exame do coração. No dia seguinte, mais um teve problemas.
Funcionários perceberam alterações na cor e no cheiro do contraste. Ambos os pacientes tinham tomado pequenas quantidades da droga, equivalentes a
um copo plástico de cafezinho.
Em alguns exames, é necessário
tomar até dois copos americanos.
A clínica informou o distribuidor do qual comprara o lote
3040068, a Rey Drogas, de Goiânia, que contatou o laboratório
Enila, relata Rita de Cássia Leite,
administradora da Multimagem.
A clínica recebeu no dia 22 telefonema de um funcionário do
Enila chamado Rodrigo, relata
Leite. A Multimagem informou
que suspendera a administração
do lote e que poderia fornecer
amostras para que o laboratório
realizasse testes.
O funcionário teria dito, segundo Leite, que a empresa já dispunha de amostras para a análise.
"Aí eles passaram a entrar em
contato com os clientes. Falaram
que tinham constatado uma irregularidade, não sabiam o que era,
que por motivo de segurança era
preciso suspender a administração do lote até que se verificasse o
que tinha acontecido", relata a administradora da Multimagem.
No dia 22 o Enila expediu laudo
que aponta suposta contaminação bacteriana do lote. Laudo da
Fiocruz apontou na sexta-feira
passada que o contraste na verdade conteria substâncias tóxicas.
A distribuidora Unidrogas, de
Goiânia, informou ter recebido
comunicado por telefone do Enila
no dia 23 de maio. Mais tarde chegou uma comunicação por escrito. "Eles não especificavam o problema", afirma Urbano Inácio,
gerente de compras da Unidrogas. Até o dia 24 pelo menos cinco
pessoas já tinham morrido depois
de tomar a droga.
Bariogel
A Clínica São Matheus de Goiânia tenta localizar os pacientes
que fizeram testes com contraste
no dia 23 de maio no local.
Aldenora Izídio da Silva, 56,
morreu depois de receber contraste na clínica. Maurício Ximenes, diretor da unidade, informou
que Silva teria recebido contraste
de outra marca, o Bariogel. Mas a
Anvisa descarta a possibilidade de
relação desse produto com as
mortes. Segundo Ximenes, apesar
de a clínica só ter em estoque o
Bariogel, alguns pacientes traziam o Celobar. A investigação
verifica se, por confusão, não foi
usado em Silva Celobar trazido
por outros pacientes.
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