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OUTRO LADO
Para gerente, "foi investimento"
DA REPORTAGEM LOCAL
O gerente contábil Jair Dégio da
Cruz, indicado para dar explicações pelo empresário de ônibus
Baltazar José de Souza, negou haver irregularidade ou má-fé na
compra de terras no interior do
Amazonas. "Se elas foram griladas e não existem, somos tão vítimas quanto qualquer um."
Ele confirmou que elas foram
compradas por preços reduzidos
(R$ 100 mil por um lote de 329 mil
hectares) para pagar as dívidas
previdenciárias das viações de
Souza. "Foi um investimento. Havia uma chance de negociação. O
Incra poderia aceitar para a reforma agrária, e a gente abateria do
montante devido ao INSS." Ele
admite, porém, que o valor a ser
abatido poderia ser maior do que
o pago pelas terras.
Cruz disse ainda ter todas as escrituras registradas em cartórios
-que tiveram funcionários demitidos por participação no esquema de falsificação de documentos das terras griladas.
"Nós compramos e pagamos.
Buscaremos na Justiça", afirmou
ele, que alegou não saber da decisão de 2001 da Corregedoria Geral
de Justiça do Amazonas que considerou os registros irregulares.
Cruz afirmou também que os
advogados de Souza foram ao
Amazonas para verificar a situação das terras antes de comprá-las. Mas, segundo ele, a checagem
se deu com um sistema de monitoramento por satélite.
A Folha chegou a falar diretamente com Souza na última terça-feira. Ele negou participação na
grilagem. "Eu não usei grilagem.
Eu comprei, tenho escritura, tudo
certinho", afirmou. Ele disse ainda estar contestando na Justiça a
anulação dos registros, mas que
ainda não conseguiu revertê-la.
Ao ser questionado sobre a irregularidade dos registros nos cartórios, Souza disse: "Quem me
vendeu é que é responsável".
O empresário chegou a afirmar
que fora chamado de "grileiro de
terra" pelo governo. Depois,
quando a reportagem citou essa
afirmação dele, Souza negou a informação: "O governo não falou
que eu era grileiro, mas que as terras não eram minhas".
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