São Paulo, sexta-feira, 10 de junho de 2005

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RUMO A 2006

Governador vai ao Jardim Ângela anunciar queda

Alckmin celebra dado do Seade que aponta 19,4% menos assassinatos

VICTOR RAMOS
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) fez do anúncio da queda nos índices de homicídio intencional no Estado -tendência que começou há cinco anos- mais uma oportunidade para dar um tom de campanha eleitoral aos eventos dos quais participa.
Alckmin, cotado para ser o candidato à sucessão presidencial, divulgou no Jardim Ângela (zona sul) dados da Fundação Seade que apontam que, de 2003 para 2004, houve 19,4% menos mortes no Estado, com os casos caindo de 13.854 para 11.165.
Desde 1999, a redução já chega a 29%. Na capital, foram mortas 3.945 pessoas em 2004, queda de 21,6% em relação a 2003.
O índice de mortes por 100 mil habitantes no Estado é de 28,4 -na capital, está em 36,9.
Para o consultor em segurança pública José Vicente da Silva Filho, "o razoável é não passar de dez mortes por 100 mil habitantes. Na Argentina, por exemplo, são cinco. Dez é exagerado. Mas, para o Brasil, estaria bom".
Depois de discursar no palanque de uma praça, Alckmin circulou cumprimentando pessoas, tomou café em uma padaria e foi, a pé, à igreja do padre Jaime Crowe, líder comunitário envolvido em projetos para reduzir a violência.
O governador escolheu o Jardim Ângela para o evento porque o bairro, que em 1996 foi classificado pela ONU como o mais violento do mundo, registra quedas significativas em seus índices. Enquanto em 2001 foram mortas 309 pessoas na região, em 2004 houve 172 casos. Além disso, há 51 dias o bairro não registra assassinatos.
Depois de falar sobre a importância da ação policial, Alckmin disse, "com humildade", que só ela não seria suficiente para melhorar os índices. Ele destacou a participação da prefeitura, da comunidade local e das ONGs.

Armas por bolas
Há duas semanas, as crianças de Jardim Ângela receberam uma proposta: trocar suas armas de brinquedo por bolas de futebol.
A procura foi tanta que o padre Jaime perdeu a conta de quantas armas falsas surgiram. "Foram mais de 500. Vi uma que, de tão detalhada, parecia de verdade."
Essa é uma das ações contra a violência que a sociedade desenvolve na região. "Nossos resultados são a soma de pequenas ações", afirma padre Jaime.
Em 1996, ele ajudou a fundar o Fórum de Defesa da Vida, que congrega entidades da região. "Eu rezava muitas missas de 7º dia, e a maioria era para pessoas que morriam muito jovens."
Com as ações, o Jardim Ângela ganhou cinco bases policiais comunitárias. Mensalmente, moradores se reúnem com os policiais.
O trabalho da entidades, reconhece o secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, foi fundamental para diminuir a criminalidade no bairro.
"Quando a sociedade atua com a polícia, a situação melhora, muda o clima, a população não tem aquele medo do policial. Passa a confiar e acaba a lei do silêncio", disse o secretário.


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