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RUMO A 2006
Governador vai ao Jardim Ângela anunciar queda
Alckmin celebra dado do Seade que aponta 19,4% menos assassinatos
VICTOR RAMOS
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador Geraldo Alckmin
(PSDB) fez do anúncio da queda
nos índices de homicídio intencional no Estado -tendência que
começou há cinco anos- mais
uma oportunidade para dar um
tom de campanha eleitoral aos
eventos dos quais participa.
Alckmin, cotado para ser o candidato à sucessão presidencial, divulgou no Jardim Ângela (zona
sul) dados da Fundação Seade
que apontam que, de 2003 para
2004, houve 19,4% menos mortes
no Estado, com os casos caindo
de 13.854 para 11.165.
Desde 1999, a redução já chega a
29%. Na capital, foram mortas
3.945 pessoas em 2004, queda de
21,6% em relação a 2003.
O índice de mortes por 100 mil
habitantes no Estado é de 28,4
-na capital, está em 36,9.
Para o consultor em segurança
pública José Vicente da Silva Filho, "o razoável é não passar de
dez mortes por 100 mil habitantes. Na Argentina, por exemplo,
são cinco. Dez é exagerado. Mas,
para o Brasil, estaria bom".
Depois de discursar no palanque de uma praça, Alckmin circulou cumprimentando pessoas, tomou café em uma padaria e foi, a
pé, à igreja do padre Jaime Crowe,
líder comunitário envolvido em
projetos para reduzir a violência.
O governador escolheu o Jardim Ângela para o evento porque
o bairro, que em 1996 foi classificado pela ONU como o mais violento do mundo, registra quedas
significativas em seus índices. Enquanto em 2001 foram mortas 309
pessoas na região, em 2004 houve
172 casos. Além disso, há 51 dias o
bairro não registra assassinatos.
Depois de falar sobre a importância da ação policial, Alckmin
disse, "com humildade", que só
ela não seria suficiente para melhorar os índices. Ele destacou a
participação da prefeitura, da comunidade local e das ONGs.
Armas por bolas
Há duas semanas, as crianças de
Jardim Ângela receberam uma
proposta: trocar suas armas de
brinquedo por bolas de futebol.
A procura foi tanta que o padre
Jaime perdeu a conta de quantas
armas falsas surgiram. "Foram
mais de 500. Vi uma que, de tão
detalhada, parecia de verdade."
Essa é uma das ações contra a
violência que a sociedade desenvolve na região. "Nossos resultados são a soma de pequenas
ações", afirma padre Jaime.
Em 1996, ele ajudou a fundar o
Fórum de Defesa da Vida, que
congrega entidades da região. "Eu
rezava muitas missas de 7º dia, e a
maioria era para pessoas que
morriam muito jovens."
Com as ações, o Jardim Ângela
ganhou cinco bases policiais comunitárias. Mensalmente, moradores se reúnem com os policiais.
O trabalho da entidades, reconhece o secretário da Segurança
Pública, Saulo de Castro Abreu
Filho, foi fundamental para diminuir a criminalidade no bairro.
"Quando a sociedade atua com
a polícia, a situação melhora, muda o clima, a população não tem
aquele medo do policial. Passa a
confiar e acaba a lei do silêncio",
disse o secretário.
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