São Paulo, Quinta-feira, 10 de Junho de 1999
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'É difícil derrotar a imoralidade'

da Reportagem Local

O presidente da CPI encerrada ontem, José Eduardo Cardozo (PT), afirma ter saído frustrado dos 90 dias de comissão. Apesar de ter proposto a cassação de quatro parlamentares, ele acha que havia muito mais a investigar. "Foi justamente por isso que a base governista enterrou a CPI".
Cardozo não considera que a oposição falhou nem que houve boicote de parte de seu partido.
Leia abaixo os principais trechos de sua entrevista. (OC)

Folha - O que o sr. tira de lição desta derrota política?
José Eduardo Cardozo -
Tiro que lutar em defesa da moralidade pública neste país é muito difícil. As pessoas que tentam fazer isso sofrem todo tipo de consequência e às vezes até de vexame.
Mas acho que é uma luta que tem de ser vivida com garra, que só assim vamos conseguir derrotar esse conjunto de imoralidades.

Folha - O sr. tem esperanças de ressuscitar a CPI?
Cardozo -
Tenho, a esperança é a última que morre, mas tenho a sensação que a CPI acabou hoje. E acabou sem que a gente pudesse concluir o que é o grande desejo da cidade de São Paulo: o combate às últimas consequências dessa rede de corrupção na prefeitura.

Folha - Qual foi o maior mérito desta CPI?
Cardozo -
Nós tivemos grandes méritos, apuramos quatro redes de corrupção, propusemos a cassação de quatro mandatos com a absoluta convicção de que há provas para cassá-los.

Folha - O sr. tem medo de sofrer represálias por propor cassações?
Cardozo -
Sim, porque, apesar de tantas provas, existem articulações nesta Casa para que ninguém seja cassado e para que os membros da CPI sofram represálias.
Há vários boatos de que vão pedir a cassação de membros da CPI. Não me surpreenderia se, no fim, só dois vereadores perdessem o mandato: eu e o Dalton Silvano.

Folha - Houve alguma falha estratégica da oposição?
Cardozo -
Fizemos tudo o que podíamos e mais um pouco. Tivemos apoio dos partidos de oposição, mas a base governista foi mais forte e enterrou a CPI. Não vejo nenhuma falha estratégica.

Folha - Foi pressão popular para que a CPI fosse prorrogada?
Cardozo -
Não sei se faltou pressão popular. Acho que a indignação da sociedade não conseguiu se canalizar na força suficiente para reverter este quadro.


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