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'É difícil derrotar a imoralidade'
da Reportagem Local
O presidente da CPI encerrada
ontem, José Eduardo Cardozo
(PT), afirma ter saído frustrado
dos 90 dias de comissão. Apesar de
ter proposto a cassação de quatro
parlamentares, ele acha que havia
muito mais a investigar. "Foi justamente por isso que a base governista enterrou a CPI".
Cardozo não considera que a
oposição falhou nem que houve
boicote de parte de seu partido.
Leia abaixo os principais trechos
de sua entrevista. (OC)
Folha - O que o sr. tira de lição
desta derrota política?
José Eduardo Cardozo - Tiro que
lutar em defesa da moralidade pública neste país é muito difícil. As
pessoas que tentam fazer isso sofrem todo tipo de consequência e
às vezes até de vexame.
Mas acho que é uma luta que tem
de ser vivida com garra, que só assim vamos conseguir derrotar esse
conjunto de imoralidades.
Folha - O sr. tem esperanças de
ressuscitar a CPI?
Cardozo - Tenho, a esperança é a
última que morre, mas tenho a
sensação que a CPI acabou hoje. E
acabou sem que a gente pudesse
concluir o que é o grande desejo da
cidade de São Paulo: o combate às
últimas consequências dessa rede
de corrupção na prefeitura.
Folha - Qual foi o maior mérito
desta CPI?
Cardozo - Nós tivemos grandes
méritos, apuramos quatro redes
de corrupção, propusemos a cassação de quatro mandatos com a
absoluta convicção de que há provas para cassá-los.
Folha - O sr. tem medo de sofrer
represálias por propor cassações?
Cardozo - Sim, porque, apesar de
tantas provas, existem articulações
nesta Casa para que ninguém seja
cassado e para que os membros da
CPI sofram represálias.
Há vários boatos de que vão pedir a cassação de membros da CPI.
Não me surpreenderia se, no fim,
só dois vereadores perdessem o
mandato: eu e o Dalton Silvano.
Folha - Houve alguma falha estratégica da oposição?
Cardozo - Fizemos tudo o que
podíamos e mais um pouco. Tivemos apoio dos partidos de oposição, mas a base governista foi mais
forte e enterrou a CPI. Não vejo nenhuma falha estratégica.
Folha - Foi pressão popular para
que a CPI fosse prorrogada?
Cardozo - Não sei se faltou pressão popular. Acho que a indignação da sociedade não conseguiu se
canalizar na força suficiente para
reverter este quadro.
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