São Paulo, Quinta-feira, 10 de Junho de 1999
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'Politização causou fim da CPI'

da Reportagem Local

O líder do PPB na Câmara, Paulo Frange, acredita que o fim da CPI ocorreu devido à "politização" das investigações e de atos da oposição, como o de pedir o impeachment do prefeito Celso Pitta durante os trabalhos da comissão.
Ele mesmo diz que é impossível eliminar o aspecto político de uma CPI, mas afirmou que o comportamento da oposição criou uma "resistência" em governistas que eram favoráveis à apuração. Leia trechos da entrevista abaixo. (JCS)

Folha - Quando a CPI foi aprovada, há 90 dias, havia um discurso de governistas dizendo que a comissão era desnecessária porque o Ministério Público e a polícia já estavam fazendo a investigação. Essa análise ainda é válida?
Paulo Frange -
Sim, a análise ainda é a mesma. O Ministério Público vai continuar apurando. A Câmara tem um presidente que recebe e acolhe qualquer tipo de denúncia. Portanto, eles investigando lá e nós acolhendo as denúncias aqui, não há perda. Apenas vamos tirar de dentro da Câmara uma situação que hoje dificulta o trabalho de todo mundo.

Folha - O sr. acredita que haveria hoje na Câmara o pedido de cassação de três vereadores, se a CPI não tivesse existido?
Frange -
Qualquer denúncia, mesmo sem CPI, vai ser acolhida. Assim como foi com o pedido de impeachment (de Celso Pitta).

Folha - O sr. acredita que algum erro provocou o fim da CPI?
Frange -
Houve uma série de erros. Alguns vereadores da oposição, não os da CPI, saíram correndo atrás do impeachment de Pitta. Com isso, as atenções ficaram divididas e acabaram frustradas.

Folha - Então o sr. acha que o pedido de impeachment politizou a CPI e causou o seu fim?
Frange -
Quando começou, a CPI vinha caminhando bem. Em um determinado momento, surgiu o pedido de impeachment. Isso enfraqueceu o papel da comissão porque a conotação foi de uma politização muito grande. Depois, o próprio trabalho da CPI mostrou que, quando se fala em CPI, a comissão é política.

Folha - A politização da comissão causou o fim das investigações?
Frange -
Isso criou uma resistência muito grande. Aqueles governistas que até gostariam de votar a favor da prorrogação da CPI sentiram que era o momento de radicalizar. Até porque houve uma radicalização dando conta de que só haveria anjos no PT.


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