|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARIDADE ELEITORAL
Para parlamentares de São Paulo, doações não têm como objetivo conquistar o voto do eleitor beneficiado
Vereadores negam caráter político da ação
DA REPORTAGEM LOCAL
Os vereadores desconversam
quando questionados sobre a
prática de clientelismo para manter fiel seu eleitorado.
Milton Leite (PMDB), por
exemplo, nega que tenha pago
formatura de alunos do ensino
médio em troca de votos. Ele diz
que o baile, a colação de grau, as
becas e as fitas foram obtidos graças à ação de amigos.
O vereador cardiologista Paulo
Frange (PTB) confirma que faz
caridade, mas nega que o alvo sejam seus eleitores.
Cliente assíduo
Nascido em Uberaba, no Triângulo Mineiro, Frange diz que ajuda instituições em sua cidade. Por
causa disso, é um dos clientes da
Cirúrgica Pitta, em Pirituba, loja
especialista em produtos hospitalares, como cadeiras de roda, bengalas e aparelhos para pressão.
Em cima dos letreiros da loja há
um cartaz com a propaganda de
Frange, nas mesmas cores e com o
mesmo tipo de letra da propaganda da cirúrgica.
Frange confirma que costumava fazer doações para moradores
de São Paulo, mas diz que parou
em 1993, "quando a situação do
país ficou ruim" e seu faturamento na clínica caiu. Atualmente, ele
afirma que ajuda instituições filantrópicas com seus conhecimentos profissionais.
Ambulâncias
Jooji Hato (PMDB), que chegou
a ser acusado de abuso econômico na eleição de 1996 porque utilizava ambulâncias, diz que não
adota mais essa prática.
Quanto às ambulâncias, afirma
que pertencem à sua clínica, localizada em Diadema (Grande São
Paulo), e transportavam pacientes da cidade para serem tratados
em São Paulo.
O vereador Jorge Taba (PSB)
confirma a ajuda às igrejas. "A
gente é ecumênico. Eu ajudo as
igrejas budista, católica, evangélica, todas elas."
Questionado sobre as críticas à
prática assistencialista, ele afirma:
"O eleitor começa a acreditar pelo
atendimento. Só assim você vai
conquistar, vai plantar um terreno mais firme para poder colher."
Taba avalia que "o político,
principalmente o de oposição, se
não fizer isso, não tem nichos".
"Tenho limites"
Embora admita fazer doações,
Edvaldo Estima (PPB) rejeita o
caráter eleitoral dessa prática.
Tanto, segundo ele, que eleitores
já o abandonaram após terem
ajuda negada. "Já perdi amigos
porque fui sincero. Mas eu tenho
limites."
Toninho Paiva (PFL) cita como
evidências de que o seu trabalho é
"social", e não clientelista, o fato
de manter a mesma atuação durante os quatro anos de mandato.
"Meu trabalho é constante."
Ele nega ter ambição de se perpetuar no cargo. Afirma ainda
que quase decidiu parar com a vida pública. "Voltei atrás por causa
dos apelos."
Gilson Barreto (PSDB) também
nega interesses eleitorais nas ajudas que oferece em seu espaço político e cultural.
"É um trabalho que eu faço para
a comunidade muito antes de me
tornar vereador."
Texto Anterior: Parlamentar exige título para cadastrar eleitor Próximo Texto: Wadih Mutran se orgulha de atender pedidos Índice
|