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INFÂNCIA
FHC anuncia amanhã, antevéspera do 10º aniversário do ECA, programa para combater a exploração sexual
Governo faz 1ª ação contra prostituição
ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ
O presidente Fernando Henrique Cardoso anuncia amanhã,
antevéspera do décimo aniversário do ECA (Estatuto da Criança e
do Adolescente), um programa
experimental para atender 19.383
crianças e adolescentes carentes
que sofrem algum tipo de violência sexual.
O investimento previsto é de R$
1 milhão por mês a partir deste
mês e por pelo menos seis meses.
A exploração sexual infanto-juvenil é considerada a mais aviltante das formas de trabalho de
crianças e adolescentes em todo o
mundo. Não há uma estatística
sobre quantos jovens são explorados sexualmente no país.
Essa é a primeira ação nacionalizada do governo FHC no atendimento direto a esse público. Até
agora, as iniciativas contra a prática sempre partiram de entidades
privadas e governos estaduais ou
municipais.
A Secretaria Nacional de Ação
Social vem gerindo um único projeto piloto, no Amazonas, que
atende a 50 mil crianças e adolescentes no Estado.
Manaus é um dos principais focos de prostituição infantil do país
(leia texto nesta página).
As outras ações se limitavam a
campanhas de esclarecimento,
geralmente feitas pelo Ministério
da Justiça em parceria com o Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) -a mais recente versava
sobre o turismo sexual.
"O governo esteve ausente no
combate à exploração sexual, um
trabalho que é muito difícil e que
vem sendo executado com êxito
por entidades da sociedade civil",
afirmou o chefe do escritório do
Unicef (Fundo das Nações Unidas
para a Infância) para Pernambuco, Alagoas e Paraíba, Jaques
Schwarzstein.
Serão beneficiados 19 Estados e
cerca de 90 municípios, que terão
R$ 50 por mês para atender cada
adolescente.
Estados e municípios também
podem assinar novos convênios
com ONGs (organizações não-governamentais) que já venham
executando trabalhos de combate
à prostituição infantil.
Parceria
"Estamos lançando um projeto
experimental em parceria com
Estados e municípios, que terão
liberdade de busca de alternativas
para o atendimento mais eficaz",
explicou a secretária nacional de
Ação Social, Wanda Engel, autora
do projeto.
Wanda afirma que no país ainda não há uma forma bem definida de como se trabalhar com esses
jovens. A dificuldade está nas várias formas de exploração, principalmente das adolescentes.
Há exploração de crianças que
estão vivendo nas ruas, de adolescentes em garimpos, o chamado
turismo sexual nas cidades do litoral, o turismo sexual fluvial (especialmente nas regiões Norte e
Centro-Oeste), o abuso sexual
dentro da própria família e a exploração em prostíbulos.
"Estamos lançando um laboratório, uma forma de diagnóstico,
para construir um ou vários caminhos para combater a exploração. Estamos lidando com um assunto complexo, que envolve
questões socioeconômicas, questões psicológicas complicadas e a
própria sexualidade", afirmou a
secretária.
Segundo ela, a erradicação da
prostituição infanto-juvenil não
possui uma fórmula tão exata
quanto a do trabalho infantil, que
vem sendo combatido com a bolsa-escola do Peti (Programa de
Erradicação do Trabalho Infantil). No programa, são destinados
à família R$ 25 por criança que a
mãe tira do trabalho e a mantém
na escola.
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