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9 DE JULHO
Coronel condenado a 632 anos de prisão é impedido pelo comando da PM de marchar à frente da cavalaria em SP
Aplaudido, Ubiratan desfila como civil
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Militar de São Paulo
impediu que desfilasse nas comemorações de 9 de Julho, à frente
da cavalaria, o coronel reformado
Ubiratan Guimarães, condenado
em primeira instância a 632 anos
de prisão pela morte de 102 presos
no massacre do Carandiru.
O coronel deveria encerrar o
desfile com o regimento da corporação que leva como nome a
data da revolução constitucionalista de 32, fardado com trajes da
época. Essa é a tradição para os
ex-comandantes da cavalaria.
Por conta própria, após a proibição do Comando Geral, Ubiratan decidiu participar das comemorações como civil, em cima de
um jipe, com a roupa da cavalaria.
Ele foi aplaudido principalmente
pelos convidados da tribuna de
honra, onde estavam o governador Geraldo Alckmin, o secretário
da Segurança, Marco Vinicio Petrelluzzi, e o comandante-geral da
PM, coronel Rui César Melo.
Em pé no veículo, do lado do
passageiro, ele olhou e não cumprimentou Alckmin nem Petrelluzzi nem Melo, ao passar por
eles. Se o coronel estivesse desfilando como militar, acompanhado da cavalaria, haveria o gesto
obrigatório da saudação militar: a
continência às autoridades.
"Ele [Ubiratan" está querendo
criar polêmica, se passar por vítima, e nós não vamos colaborar
para isso. Ele é um problema da
Justiça", disse Alckmin, que não
aplaudiu a passagem do coronel
como fez com outras delegações.
""A decisão [de proibir o desfile
de Ubiratan" é do comandante da
PM, a qual eu endosso", disse o
secretário da Segurança. Segundo
ele, a secretaria soube que o desfile seria transformado em um ato
de apoio ao coronel. ""Houve uma
iniciativa de afrontar."
Melo disse que resolveu proibir
o desfile do coronel à frente da cavalaria para evitar o envolvimento da PM. "Passaria a conotação
de aprovação institucional."
Visivelmente nervoso depois de
passar de jipe pela avenida, o coronel disse que não pretendia
afrontar ninguém. ""É uma retaliação me proibir de alguma coisa
que sempre fiz. Há 40 anos eu desfilo no 9 de Julho", disse o coronel,
que apelou da condenação.
Amigos do coronel, incluindo
oficiais da ativa, usavam camisetas com a frase ""os humanos direitos absolvem o coronel Ubiratan" e traziam faixas de apoio.
Ubiratan disse que a ordem de
proibição veio de Petrelluzzi e foi
repassada a ele duas horas antes
do desfile pelo coronel Melo.
(ALESSANDRO SILVA E GILMAR PENTEADO)
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