São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 2002

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Grafites substituem anúncios publicitários em relógios digitais

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de ocupar paredes de faculdades, museus, muros e viadutos de São Paulo e de outras cidades, os artistas plásticos Celso Gitahy e Juneca encontraram um novo espaço para expor os grafites que produzem.
É a vez dos relógios digitais, aqueles que estão por quase todas as ruas de São Paulo, informando o horário e a temperatura, ganharem um "novo visual". Pelo menos enquanto não estão sendo utilizados para a veiculação de anúncios publicitários.
Os trabalhos -coloridos e em preto e branco- são resultado de uma parceria entre os próprios artistas e a empresa Publicronos, que detém 368 relógios digitais na cidade. Pelo acordo, a empresa cede o espaço e os artistas, que afirmam nada receber pelo trabalho, ficam responsáveis por todo o resto do trabalho.
A idéia, de acordo com Ana Célia Biondi, 33, diretora da Publicronos, é fazer uma espécie de "mostra itinerante". Ou seja, as obras deverão ocupar os espaços publicitários ainda não-locados pela empresa. Assim que houver um contrato para aquele relógio, o grafite deverá mudar para um novo endereço.
Os contratos de publicidade em relógios digitais, segundo Ana, podem durar três meses ou até mesmo um ano. Mas sempre há um intervalo entre uma campanha e outra. É aí que entra o grafite de Juneca e Gitahy
Até agora, os artistas já "expuseram" em nove relógios, localizados na rua da Consolação e em avenidas de grande movimento como Hélio Pellegrini, Bandeirantes, Rubem Berta e Washington Luiz. E cada obra vale por duas, já que os relógios possuem frente e verso -cada um com um desenho diferente.
Para Juneca, a exposição é a oportunidade de colocar trabalhos artísticos em espaços comerciais, transformando a cidade numa espécie de "galeria". Ele acredita que, nos próximos meses, os grafites poderão ser vistos em outras dezenas de relógios digitais.
Juneca é um dos grafiteiros mais conhecidos de São Paulo. Nas décadas de 70 e 80, porém, sua fama não era das melhores: suas pichações inundavam paredes e muros de todos os bairros. Ousado, ganhou respeito entre gangues de pichadores.
Mas depois mudou de postura. Formou-se em artes plásticas pela faculdade São Judas, montou oficinas para ensinar a atividade, além de desenvolver cenários e trabalhos de decoração.
(PALOMA COTES)


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