|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Grafites substituem anúncios
publicitários em relógios digitais
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de ocupar paredes de faculdades, museus, muros e viadutos de São Paulo e de outras cidades, os artistas plásticos Celso Gitahy e Juneca encontraram um
novo espaço para expor os grafites que produzem.
É a vez dos relógios digitais,
aqueles que estão por quase todas
as ruas de São Paulo, informando
o horário e a temperatura, ganharem um "novo visual". Pelo menos enquanto não estão sendo
utilizados para a veiculação de
anúncios publicitários.
Os trabalhos -coloridos e em
preto e branco- são resultado de
uma parceria entre os próprios
artistas e a empresa Publicronos,
que detém 368 relógios digitais na
cidade. Pelo acordo, a empresa
cede o espaço e os artistas, que
afirmam nada receber pelo trabalho, ficam responsáveis por todo
o resto do trabalho.
A idéia, de acordo com Ana Célia Biondi, 33, diretora da Publicronos, é fazer uma espécie de
"mostra itinerante". Ou seja, as
obras deverão ocupar os espaços
publicitários ainda não-locados
pela empresa. Assim que houver
um contrato para aquele relógio,
o grafite deverá mudar para um
novo endereço.
Os contratos de publicidade em
relógios digitais, segundo Ana,
podem durar três meses ou até
mesmo um ano. Mas sempre há
um intervalo entre uma campanha e outra. É aí que entra o grafite de Juneca e Gitahy
Até agora, os artistas já "expuseram" em nove relógios, localizados na rua da Consolação e em
avenidas de grande movimento
como Hélio Pellegrini, Bandeirantes, Rubem Berta e Washington Luiz. E cada obra vale por
duas, já que os relógios possuem
frente e verso -cada um com um
desenho diferente.
Para Juneca, a exposição é a
oportunidade de colocar trabalhos artísticos em espaços comerciais, transformando a cidade numa espécie de "galeria". Ele acredita que, nos próximos meses, os
grafites poderão ser vistos em outras dezenas de relógios digitais.
Juneca é um dos grafiteiros mais
conhecidos de São Paulo. Nas décadas de 70 e 80, porém, sua fama
não era das melhores: suas pichações inundavam paredes e muros
de todos os bairros. Ousado, ganhou respeito entre gangues de
pichadores.
Mas depois mudou de postura.
Formou-se em artes plásticas pela
faculdade São Judas, montou oficinas para ensinar a atividade,
além de desenvolver cenários e
trabalhos de decoração.
(PALOMA COTES)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Urbanidade - Gilbertto Dimenstein: Jardim dos gays Índice
|